Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 5 de janeiro de 2019

Macau – Fundo das indústrias culturais avança com apoio para publicação de livros

É a primeira vez que o Fundo das Indústrias Culturais avança com projectos de apoio financeiros específicos para a criação de plataformas de serviços no âmbito da publicação de livros, bem como de televisão e cinema. Para entrada no mercado chinês, Leong Heng Teng diz que “os editores de publicações de livros têm de ter a consciência de respeitar a lei do Interior da China”



O Fundo das Indústrias Culturais (FIC) abriu candidaturas para apoio financeiro a uma “Plataforma de Serviço Integrada de Publicação”, que visa a atribuição de um montante limite de cinco milhões de patacas no espaço de dois anos, período durante o qual devem ser publicados 40 livros originais. A iniciativa foi lançada a par de outros dois programas específicos de apoio financeiro, um voltado para a criatividade cultural nos bairros comunitários e uma “Plataforma de Serviço Integrada de Televisão e Cinema”.

No caso da plataforma de publicação, a entidade que assegurar os seus serviços fica encarregue do planeamento, edição, tipografia e revisão de livros de artes, história e cultura de Macau, devendo estes ser informatizados para introdução em plataformas electrónicas do exterior, sendo dada preferência à sua disponibilização no Interior da China. De resto, espera-se que a plataforma organize a participação de profissionais do sector em duas ou mais feiras de livros a realizarem-se aí.

“Temos de coordenar com as políticas definidas pelo Estado sobre a Grande Baía. Os editores de publicações de livros têm de ter a consciência de respeitar a lei do Interior da China e conhecer o mercado, a tendência de desenvolvimento económico”, disse Leong Heng Teng, quando questionado sobre as dificuldades de acesso ao mercado editorial da China. O presidente do conselho de administração do FIC reconhece que o mercado de Macau é pequeno, pelo que “temos de abrir caminho, ninguém consegue garantir 100% de sucesso”.

A entrada na China não é obrigatória, sendo apenas requisito tentar, dada a dimensão do mercado. No entanto, a venda no exterior pode dar-se noutros locais, como em Portugal, tendo Davina Chu, membro do conselho de administração do FIC, exemplificado que tal pode ser feito através de plataformas como a Amazon. Já a escolha das áreas de história, artes e cultura, deveu-se à sua falta de popularidade mas importância para preservação de herança cultural. “Todos os países dão apoio a este tipo de livros porque a nossa cultura e história têm de permanecer e de ser publicados para todas as pessoas conhecerem”, frisou.

Foi também assumida a importância de Macau como plataforma sino-lusófona, com Davina Chu a notar que seria “um bom trabalho” a publicação de livros portugueses que fossem traduzidos para integrar o mercado chinês. Os livros, ou até mesmo os filmes “são os produtos [culturais] que pensamos que futuramente podemos abrir novos caminhos para entrarem em contacto”.

Os critérios de selecção incluem, nomeadamente, a racionalidade dos objectivos do projecto e a viabilidade de concretização, a capacidade técnica das equipas e as funções do projecto para o desenvolvimento das indústrias culturais.

“Estamos a apoiar pessoas de Macau porque todos sabemos que a cultura é uma área muito difícil de desenvolver. A cultura normalmente não ganha dinheiro, as pessoas que escrevem dinheiro, não são todos um Harry Potter. O que tentamos fazer é encorajar muito mais pessoas, porque desde que haja uma plataforma então os seus livros podem ser publicados e vendidos”, disse Davina Chu, que mostrou confiança na existência de “muitas pessoas que escrevem livros” para atingir a meta de 40 obras no espaço de 24 meses. De momento, aponta, “são só para serem oferecidos ou poucos são para serem vendidos nas livrarias ou feira de livros”.

Caso as metas não sejam cumpridas, o financiamento é cortado, uma vez que é dado em diferentes prestações, no seguimento de relatórios que os beneficiários têm de entregar em diferentes fases. Note-se, porém, que a candidatura pode ser conjunta.

Uma aposta no futuro

A nível da indústria cinematográfica, surge também um novo apoio da FIC direccionada ao apoio a empresas culturais e criativas na exploração de plataformas de serviço integrantes da indústria cinematográfica a fim de prestar serviços de assistência na pós-produção aos sectores profissionais cinematográficos de Macau e auxiliá-los na exploração do mercado. Em causa está um apoio de seis milhões de patacas, prestado num prazo de execução de dois anos.

“Acredito que as verbas pareçam limitadas, mas temos de olhar para a dimensão efectiva da indústria cinematográfica”, indicou Leong Heng Teng, apontando ser uma quantia adequada já que os profissionais do sector também têm de investir. É requisito para candidaturas, cujo prazo dura até ao final deste mês, que a entidade seja uma empresa comercial, pertencente ao sector das indústrias culturais e com mais de 50% do capital social detido por residentes da RAEM.

Entre as responsabilidades encontra-se a capacidade de assistência e serviços em pós-produção, sendo necessário equipamento como uma sala de projecção de filmes, e capacidade para efeitos especiais, tonificação ou legendas. A FIC pretende também que haja promoção do intercâmbio da cinematografia sino-portuguesa. “Nós achamos que através dos filmes no futuro vamos poder ter mais possibilidades em colaborar”, disse Davina Chu, indicando que é um desejo não apenas vender filmes de Macau ao exterior mas também trazer filmes portugueses para serem vendidos no território ou à China.

Note-se que em qualquer um dos projectos é exigido que as verbas de financiamento sejam geridas através de uma conta bancária específica fechada, com as respectivas contas sujeitas à auditoria de companhia profissional, para assegurar o uso eficiente do erário público.

Por contraste, volta a ser lançado um programa de apoio para a criatividade cultural em bairros comunitários, sendo prestado apoio a um máximo de 30 projectos. Podem realizar candidatura conjunta empresas culturais e criativas constituídas há pelo menos três anos, e lojas com características a funcionar há oito anos. As empresas aprovadas podem receber até 100 mil patacas para despesas de construção e planeamento, para além de 50% das despesas de execução até a um limite de 200 mil.

Serve este apoio para incentivar a que as lojas cultivem as suas estórias “integrando elementos culturais e criativos, por forma a melhorar o ambiente comercial da loja, para que os tais elementos fiquem implementados nos bairros comunitários”. No ano passado, das 42 candidaturas foram aprovadas 23, tendo 21 empresas aceite o apoio financeiro. Daqui resultou a implementação dos respectivos projectos por 11 empresas culturais e criativas. Espera-se que os projectos beneficiários estejam concluídos na primeira metade de 2019. Salomé Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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