1
- Nota introdutória
Pretende-se aqui analisar a
evolução das quotas de mercado de Portugal nas importações de mercadorias nos
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) ao longo dos últimos
cinco anos, bem como o ritmo da variação nominal anual dos fornecimentos de
mercadorias portuguesas face à evolução das importações globais, no seio de
cada um dos mercados.
Metodologia:
Para as importações globais
nos PALOP foi principalmente utilizada a base de dados do International Trade Centre (ITC), que contém por sua vez informação
calculada a partir da base Comtrade,
da ONU.
Os dados ITC de 2016 para Cabo Verde correspondem a informação fornecida
pelo seu Ministério do Turismo, Indústria e Energia, e os de Moçambique, para o
mesmo ano, têm origem no Instituto Nacional de Estatística do país.
Nos casos em que não está
disponível informação do país, o ITC
efectuou cálculos a partir de dados reportados pelos parceiros comerciais (mirror data), como foi o caso de Angola
e S.Tomé e Príncipe, em 2016, e da Guiné-Bissau em todos os cinco anos.
Existem divergências por vezes
consideráveis, com causas diversas, entre os dados das importações nesses
mercados com origem em Portugal, quando de fonte ITC, e os correspondentes dados da exportação portuguesa de fonte INE, depois de convertidos a valores CIF por aplicação de um factor fixo (Fob=Cif x 0,9533), razão por que,
visando uma maior aproximação à realidade, se utilizou para Portugal a base de
dados do INE.
2
- Principais fornecedores dos PALOP em 2015
De acordo com dados de importação
veiculados pelo ITC para todos os
países com excepção da Guiné-Bissau, em que se utilizou, por indisponível nessa
fonte, o Alas OEC (Observatory of Economic Complexity),
Portugal ocupou em 2015 a primeira posição entre os cinco principais
fornecedores de mercadorias de Cabo Verde (43,5% do total), da Guiné-Bissau
(28,8%) e de S.Tomé e Príncipe (58,6%), o segundo lugar em Angola (14,6%),
depois da China (16,9%), e a quarta posição em Moçambique (5,8%), precedido da
África do Sul (30,1%), da China (12,5%) e dos Países Baixos (7,3%).
Utilizando-se para
Portugal a base de dados do INE, estas percentagens são próximas, à excepção de
S.Tomé e Principe: Angola é coincidente, Cabo Verde 41,2% em lugar de 43,5%,
Guiné-Bissau 29,0% em vez de 23,7%, Moçambique 5,2% em lugar de 5,8% e S.Tomé e
Príncipe 47,2% em vez de 58,6%.
3
– Peso dos PALOP na exportação portuguesa
Os cinco países africanos que
integram os PALOP representavam 27,6% das exportações portuguesas para o
conjunto dos países terceiros em 2012 e 8,0% das exportações globais.
Estas percentagens desceram
respectivamente para 17,0% e 4,2% em 2016, quebra devida principalmente ao
comportamento do mercado angolano que, representando mais de 80% do total das
exportações portuguesas para o conjunto dos PALOP de 2012 a 2014, viu o seu
peso descer para 70,9% em 2016.
Moçambique e Cabo Verde foram
no período em análise os países que maior peso detiveram nas exportações depois
de Angola, tendo Cabo Verde ultrapassado Moçambique em 2016, representando
estes países neste ano respectivamente 12,2% e 10,1% no total dos PALOP.
4
– Variação nominal anual das importações nos PALOP,
globais e originárias de Portugal
- Quotas de mercado
Em Angola, Cabo Verde e S.Tomé
e Príncipe, o ritmo de variação nominal das suas importações com origem em
Portugal ao longo dos últimos cinco anos (2012=100), foi sempre superior ao das
importações globais.
Já na Guiné-Bissau e em
Moçambique se verificou a situação inversa, com o ritmo de Portugal neste
período sempre inferior ao da variação global.
As maiores quotas de mercado
de Portugal nos PALOP incidiram em Cabo Verde e S.Tomé e Príncipe e as menos
expressivas em Moçambique.
Um trabalho
de Walter Anatole Marques - walter@anatolemarques.com
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