Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Portugal – O mercado portuário em Agosto de 2016

O volume de carga movimentada nos portos no período de janeiro a agosto de 2016 vem confirmar o comportamento do sistema portuário referido nos últimos meses, ao totalizar 61,3 milhões de toneladas, constituindo o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos em resultado do acréscimo de +3,5 milhões de toneladas observado no porto de Sines, que anula as quebras registadas em todos os outros portos, num total de -2,5 milhões de toneladas. O volume do movimento portuário apurado neste período ultrapassa em +1,6% o de 2015 e resulta da conjugação de variações positivas quer da carga embarcada, quer da carga desembarcada, de +0,3% e +2,5%, respetivamente.

O volume de carga registado no porto de Sines representa um acréscimo de +11,6%, enquanto as quebras nos outros portos variam entre -3,2% na Figueira da Foz e -42,6% em Faro, passando por -3,3% em Setúbal, -4% em Leixões, -10% em Aveiro, -11,8% em Viana do Castelo e -17,5% em Lisboa.

Para explicar, ainda que parcialmente, as variações ocorridas nos portos de Leixões e de Sines, importa recordar a circunstância de o Terminal Oceânico de Leixões estar totalmente paralisado desde março para manutenção em estaleiro da monoboia, impedindo a descarga de Petróleo Bruto transportado em navios de grande porte, que originou o desembarque de cerca de 1,3 milhões de toneladas no porto de Sines e seu posterior reembarque para Leixões em navios de menor dimensão. Este facto explica em grande medida, por um lado, o aumento desta carga em +43,4% no porto de Sines e, por outro, a sua quebra de -19,6% no porto de Leixões.

No que respeita o comportamento do porto de Faro, tratando-se, embora, de um porto com uma quota de mercado pouco significativa, merece destaque o facto de se encontrar sem movimento de carga desde junho, por efeito da decisão da Cimpor, sua única utente, de suspensão da sua atividade no Centro de Produção de Loulé, em resposta à contração do mercado da construção e da suspensão da importação de clínquer e cimento por parte da Argélia, por razões de natureza administrativa.

De tudo o exposto resulta naturalmente um reforço da posição de líder do porto de Sines, que vê aumentada a sua quota do mercado portuário em 0,6 pontos percentuais, passando a representar 54,4% do total, seguido por Leixões com uma quota de 19,5% do total, de Lisboa que representa 10,4% (cerca de metade da quota que detinha em 2014) e de Setúbal que reduz o seu peso para 8,2%.

O movimento de contentores registado nos portos do continente no período janeiro-agosto de 2016 totalizou 1,75 milhões de TEU, valor que reflete uma quebra de -1,3% face ao mesmo período de 2015, elevando-se, no entanto, a -2,6% se considerarmos a sua medida em Número de contentores, independentemente da sua dimensão.

Este ligeiro recuo no mercado de contentores é determinado pelo porto de Lisboa que observou uma quebra de -30,9% no volume de TEU, quebra esta que absorveu todos os acréscimos observados nos outros portos, a saber de +41,2% no porto de Setúbal, de +16% no porto da Figueira da Foz, de +7,3% em Leixões e de +1,7% em Sines.

Neste segmento de mercado o porto de Sines mantém a posição de líder com uma quota de 54% do total de TEU movimentados, seguindo-se Leixões com 25,6%, Lisboa com 13,3% e Setúbal com 6,2%.

O movimento de contentores em Sines é fortemente influenciado pelo tráfego de transhipment que no período em apreço atingiu cerca de 746 mil TEU, volume que representa cerca de 78,9% do total movimentado no porto e que corresponde a um acréscimo de +0,4% comparativamente ao observado no período homólogo de 2015.

No período em análise o movimento de navios, nas diversas tipologias, incluindo os navios de cruzeiro, registou 7156 escalas e uma arqueação bruta (GT) global superior de 128,6 milhões, refletindo uma quebra de -1,5% e um acréscimo de +3,5%, respetivamente, face ao período homólogo de 2015. A variação global do número de escalas resultou da conjugação de variações positivas em Viana do Castelo (+6,7%), Setúbal (+9,5%) e Sines (+14,1%, de que resulta o número mais elevado de sempre nos períodos homólogos), e negativas nos outros portos, com destaque para Douro e Leixões (-0,3%), Figueira da Foz (-0,9%), Aveiro (-5,5%) e Lisboa (-18,6%). O volume global de arqueação bruta dos navios que escalaram os portos nacionais mantém o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, marca que decorre do registo verificado nos portos de Aveiro, Setúbal e Sines, com variações de +1,1%, +6,3% e +19,5%, respetivamente. Com variações positivas temos também os portos da Figueira da Foz e Portimão, com acréscimos de +1,1% e +1,4%, respetivamente, enquanto os restantes registaram quebras no volume total de GT, merecendo destaque o porto de Lisboa, com -16,9%, e Leixões, com -5,2%.

A quota mais elevada do número de escalas cabe ainda aos portos de Douro e Leixões, que representam 25,5% do total, seguidos de Sines com 22,8%, de Lisboa com 19,9% e Setúbal com 14,9%.

O comportamento dos mercados das cargas movimentadas nos portos comerciais do continente regista várias assimetrias, com variações positivas na classe de Carga Geral (de +2,7%, por efeito do crescimento de +7,8% do mercado da Carga Contentorizada) e dos Granéis Líquidos (de +5,6%, por efeito do crescimento de +24,8% do Petróleo Bruto) e variação negativa na classe dos Granéis Sólidos (de -7,5%, por efeito acumulado de quebras registadas em todos os mercados que a integram, com destaque para o Carvão, cujo movimento diminuiu -11,9%, devido à quebra de produção de energia pelas centrais termoelétricas por efeito do acentuado aumento da sua produção hídrica e eólica, e para os Outros Granéis Sólidos, que registou uma quebra de -5,5%).

Pela importância que traduzem para a economia em geral e exportações em particular, referem-se os mercados da Carga Fracionada e dos Produtos Petrolíferos, que registaram quebras de -17,7% e -8,9%, respetivamente.

A carga embarcada, que inclui a carga de exportação, ultrapassou 26 milhões de toneladas e foi superior em +0,3% ao volume registado período homólogo de 2015. Este volume, que constitui o valor mais elevado de sempre nos períodos homólogos, é muito influenciado pelas razões circunstanciais acima referidas, que se prendem com a realização de operações de carga de Petróleo Bruto, nomeadamente de Sines para Leixões, para colmatar a quebra da operacionalidade do Terminal Petroleiro deste último porto.

No movimento portuário decorrente das operações de embarque de carga, a única classe que registou uma variação positiva foi a dos Granéis Líquidos, que ultrapassou em +10,1% o valor do período homólogo de 2015 (pelas referidas razões de acréscimo verificado no Petróleo Bruto) e anulou as quebras observadas nos Produtos Petrolíferos (-9%) e Outros Granéis Líquidos (-9,5%). A classe de Carga Geral registou globalmente uma quebra de -1,3%, não obstante o crescimento da Carga Contentorizada de +5,3%, que acabou por ser anulada pela diminuição de -19,5% da Carga Fracionada, enquanto a classe dos Granéis Sólidos viu o seu movimento neste período cair -14,3%, por efeito da quebra de -14,7% nos Outros Granéis Sólidos, que é a carga, nomeadamente no embarque, mais significativa nesta classe.

Sublinha-se o facto de apenas o porto de Sines ter contrariado o registo de variações negativas no volume da carga embarcada no período janeiro-agosto de 2016 face ao período homólogo de 2015, registando um acréscimo de +18,3%. Nos restantes portos o volume de carga embarcada observou um recuo face a 2015, sendo de relevar as quebras verificadas em Viana do Castelo, de -6,5%, Leixões, de -4,2%, em Aveiro, de -32,5%, na Figueira da Foz, de -5,8%, em Lisboa, de -24,8%, e em Setúbal, de -10,1%.

O volume da carga desembarcada atingiu cerca de 35,3 milhões de toneladas, que excede em +2,5% o valor registado em 2015 e constitui, também, o valor mais elevado de sempre, refletindo idêntica situação observada nos desembarques da Carga Contentorizada e do Petróleo Bruto, bem como nos portos de Aveiro e de Sines. Este comportamento da carga desembarcada reflete o observado na classe de Carga Geral que registou um acréscimo de +9,1%, nomeadamente por efeito do aumento de +11,2% na Carga Contentorizada, e na classe dos Granéis Líquidos que cresceu +3,3%, alavancado pelo desembarque de Petróleo Bruto que aumentou +9,7%.

No tocante ao volume de desembarque de carga o comportamento dos portos foi bastante distinto, destacando-se as variações positivas de Aveiro (+13,6%), Sines (+9,2%), Setúbal (7,4%) e Figueira da Foz (+1,9%), tendo sido negativas nos restantes portos, sendo de destacar a quebra de -3,8% em Leixões, de -12,6% em Lisboa e de -26,1% em Viana do Castelo.

Os portos que registaram um volume de carga embarcada superior ao volume de carga desembarcada, apresentando um perfil de porto ’exportador’, continuam a ser Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro (agora com atividade suspensa), cujos ratios de carga embarcada sobre total apresentam os valores 77,6%, 64,1%, 60,1% e 100%, respetivamente, embora com dimensões de volume muito distintas. Autoridade da Mobilidade e dos Transportes - Portugal

Poderá aceder a mais informação aqui.

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