Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Macau – Gastronomia procura identidade própria na China

Ser património não é pêra doce. Especialistas dizem que Macau tem percurso difícil pela frente para ver a gastronomia macaense classificada como Património Cultural Imaterial da China. Mas é possível.

Dois anos após a conquista do título do Património Imaterial de Macau, a gastronomia macaense vai oficializar, no próximo mês de Novembro, a sua candidatura a Património Imaterial da China, avançou ontem o Jornal Tribuna de Macau.

A conquista do primeiro título deu a Macau o incentivo para obter o título na vizinha China. No entanto, este não será um percurso fácil segundo especialistas da área – o título de Património da Humanidade pela UNESCO advinha-se ainda mais longínquo.

“A gastronomia macaense é muito confusa”, começa por explicar Hugo Bandeira, professor do Instituto de Formação Turística (IFT) e um dos membros fundadores da Confraria de Gastronomia Macaense. Facilmente confundida com a culinária portuguesa, diz a cozinha de Macau tem alguma dificuldade em afirmar-se como um dos elementos identificadores da cultura da RAEM.

Hugo Bandeira acrescenta que “Macau é visto apenas pelos casinos” e não pelas pequenas tradições como os pratos que são exclusivamente confeccionados na região.

A Confraria da Gastronomia Macaense está a desenvolver um trabalho no território para tentar divulgar os pratos macaenses ao maior número de pessoas mas sente várias dificuldades, nomeadamente em arranjar cozinhas disponíveis para realizar workshops.

Apesar de, no passado mês de Julho, terem sido graduados os primeiros bacharéis do curso de culinária do Instituto de Formação Turística, a gastronomia macaense não tem grande destaque no currículo escolar destes formandos que agora integram o mercado de trabalho.

Cozinha macaense em desuso

Para Imon Sharif, especialista em programas de gestão do património da UNESCO, a conquista do título por parte de Macau é possível e “representará, mais uma vez, a riqueza, a multiculturalidade e a diversidade histórica da região”. Se a candidatura da confraria for aceite, a gastronomia macaense juntar-se-á ao Centro Histórico de Macau, já com título atribuído pela UNESCO.

Mas, confirma Sharif, o processo não vai ser fácil. A falta de força da gastronomia macaense, a dimensão da RAEM num universo tão grande como a China e o desuso em que algumas receitas caíram são alguns dos obstáculos que, de acordo com o especialista, Macau tem pela frente.

Lacassá, bacalhau macaísta ou bebinca de leite são algumas das iguarias que se podem encontrar em restaurantes da cidade, apesar de existirem cada vez mais receitas que caem em desuso.

O aumento dos preços das rendas tem trazido consequências ao negócio da restauração local por conduzir ao fecho de muitos restaurantes de comida tradicional.

Apesar destas dificuldades, a Confraria da Gastronomia Macaense mantém-se positiva em relação à conquista do título na China e em transformar a culinária macaense em Património Imaterial da UNESCO. Catarina Mesquita – Macau in “Ponto Final”

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