O Blogue "Baía da Lusofonia" apresenta hoje o trabalho do Senhor Engenheiro Walter Anatole Marques que é uma sequência do estudo apresentado no passado dia 14 de Dezembro de 2016, do Comércio Internacional da CPLP e dos respectivos Estados Membros. Agora apresenta-se o comércio bilateral Portugal - CPLP e com cada um dos seus Estados Membros.
Comércio internacional de mercadorias de Portugal com os seus parceiros na CPLP
2008 a
2015
Walter
Anatole Marques
1 – Nota introdutória
A Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP) foi criada durante a Cimeira de Chefes de Estado e de
Governo realizada em Lisboa em 1996, sendo países fundadores Angola, o Brasil,
Cabo Verde, a Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e S. Tomé e Príncipe. Em 2002,
no decorrer da cimeira de Brasília, foi a vez de Timor-Leste e mais
recentemente, em 2014, na cimeira de Dili, da Guiné-Equatorial.
Entre os seus objectivos, no
âmbito da cooperação em todos os domínios, com aprofundamento da amizade mútua,
situa-se o desenvolvimento de parcerias estratégicas e o levantamento dos
obstáculos ao desenvolvimento do comércio internacional de bens e serviços,
tornando-o assim numa importante alavanca para o desenvolvimento do espaço económico
lusófono e consequente melhoria das condições de vida das suas populações.
Em trabalho anterior
avaliou-se, ao nível de cada estado-membro, a evolução do volume das trocas
intra e extracomunitárias realizadas entre 2008 e 2015, por produtos e por
mercados de origem e de destino, com base em estatísticas veiculadas pelo
“International Trade Centre” (ITC). Pretende-se agora analisar, para o mesmo
período e com algum pormenor, a evolução das importações e das exportações
efectuadas por Portugal com cada um dos seus parceiros na CPLP, com base em
estatísticas do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE).
2 –
Balança Comercial de mercadorias
A Balança Comercial de
Portugal com o conjunto dos seus oito parceiros na CPLP é superavitária, com o
elevado grau de cobertura das importações pelas exportações de 150% em 2015,
apesar de uma quebra acentuada das exportações de cerca de -25% face ao ano anterior,
com um forte contributo de Angola.
Como se pode observar na
Figura 2, a balança comercial de Portugal com cada um dos actuais oito
parceiros, ao longo dos últimos oito anos, apenas foi deficitária com o Brasil
e com a Guiné-Equatorial, tendo esta aderido à Comunidade apenas em Julho de
2014.
3 – Peso da CPLP no comércio
internacional de Portugal com o Mundo e Países Terceiros
O peso da CPLP nas importações
globais portuguesas ao longo dos últimos oito anos oscilou entre 2,4%, em 2009,
e 6,5%, em 2012 e 2013, situando-se em 3,8% em 2015.
Face às importações
provenientes do conjunto dos Países Terceiros, o menor peso verificou-se em
2009, com 11,4% do total, e o maior em 2013, com 23,4%, sendo de 16,1% em 2015 (Figura
3).
Na vertente das exportações, o
seu peso no total para o Mundo variou entre um mínimo de 6,9% em 2015 e um
máximo de 9,7% em 2013.
Nas exportações portuguesas
para os Países Terceiros a CPLP pesou entre 25,2% em 2015 e 38,2% em 2009.
De sublinhar que entre 2008 e
2014 o peso da CPLP se situou sempre acima de 30%, sendo a quebra verificada em
2015 explicada principalmente pelo comportamento das exportações para Angola.
4 – Peso dos estados-membros da CPLP nas
importações e exportações de Portugal em 2015
O maior volume das importações
portuguesas com origem nos parceiros da CPLP incide em Angola (50,2% em 2015),
seguida do Brasil (37,8%), da Guiné-Equatorial (9,8%) e de Moçambique (1,7%).
Com quotas inferiores a 1%
seguiram-se, no mesmo ano, Cabo Verde (0,5%), Timor-Leste (0,1%), a
Guiné-Bissau (0,01%) e S. Tomé e Príncipe (0,01%) (Figura 4).
Por sua vez, na vertente das exportações sobressai Angola (61,5% em
2015), o Brasil (16,7%), Moçambique (10,4%) e Cabo Verde (6,3%), seguidos à
distância pela Guiné-Bissau (2,2%), S. Tomé e Príncipe (1,7%), Guiné-Equatorial
(1,1%) e por Timor-Leste (0,3%) (Figura 5).
5 – Importações por grupos de produtos em
2015
As importações
portuguesas com origem nos parceiros da CPLP representaram 3,8% das importações
globais em 2015. O grupo de produtos dominante é o dos “Energéticos”, que em 2015 representou 68,6% do total e teve por
principais fornecedores Angola, a Guiné-Equatorial e o Brasil. Seguiram-se os
grupos “Agro-alimentares” (16,3%),
com destaque para o Brasil, Moçambique, Angola e Timor-Leste, “Minérios e metais” (4,3%), com principal
origem no Brasil, “Aeronaves, embarcações
e partes” (2,4%), com Brasil e Angola à cabeça, “Químicos” (2,2%), em sua grande parte originários do Brasil, “Máquinas, aparelhos e partes” (2,0%), maioritariamente
do Brasil, Angola, Cabo Verde e Guiné Equatorial, “Madeira, cortiça e papel” (1,7%), principalmente do Brasil, mas
também de Angola e da Guiné-Equatorial, “Calçado,
peles e couros” (1,1%), do Brasil e Cabo Verde, “Produtos acabados diversos” (0,5%) e “Material de transporte terrestre” (0,1%) (Figura 6).
Numa análise mais fina por produtos, definidos a dois dígitos da
Nomenclatura Combinada (NC-2), constata-se que entre os quinze predominantes,
representando 95,8% das importações totais em 2015, se destacam os “Combustíveis e óleos minerais”, que
pesaram 68,5% no total das importações provenientes da CPLP nesse ano (Figura
7).
Seguiram-se as “Sementes e frutos de oleaginosas”, o “Ferro fundido, ferro e aço”, as “Aeronaves e suas partes”, os “Cereais”, as “Frutas”, o “Plástico e suas
obras”, o “Tabaco e sucedâneos
manufacturados”, a “Madeira”, o “Peixe, crustáceos e moluscos”, as “Máquinas e aparelhos mecânicos”, o “Café e chá”, as “Máquinas e aparelhos eléctricos”, as “Peles e couros” e o “Calçado
e suas partes”.
Os maiores contributos para as
importações globais couberam às “Sementes
e frutos de oleaginosas” (28,0%), aos “Combustíveis
e óleos minerais” (19,6%), às “Aeronaves
e suas partes” (14,6%) e ao “Tabaco e
seus sucedâneos” (12,5%). Seguiram-se o “Café e o chá” (9,0%), as “Frutas”
(6,7%), os “Cereais” (5,7%), a “Madeira” (4,9%), o “Ferro fundido, ferro e aço” (4,8%) e as “Peles e couros” (3,0%). Com pesos inferiores, o “Peixe, crustáceos e moluscos” (1,7%), o
“Calçado e suas partes” (1,5%), o “Plástico e suas obras” (1,3%), as “Máquinas e aparelhos mecânicos” (0,5%) e as “Máquinas e aparelhos eléctricos” (0,4%).
6 – Exportações por grupos de produtos,
em 2015
As exportações portuguesas com
destino aos parceiros da CPLP pesaram 6,9% nas exportações globais em 2015.
O grupo de produtos dominante
é o de “Agro-alimentares”, que em
2015 representou 28,4% do total e teve por principais destinos Angola, o
Brasil, Cabo Verde, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e a Guiné-Bissau (Figura 8).
Seguiram-se as “Máquinas, aparelhos e partes” (23,1%),
com destaque das exportações para Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e
Guiné Equatorial, “Minérios e metais”
(11,6%), em que sobressai Angola, o Brasil, Moçambique, Cabo Verde e
Guiné-Equatorial, “Químicos” (11,5%),
principalmente para Angola, Moçambique, Cabo Verde e Brasil, e “Produtos acabados diversos” (10,5%),
maioritariamente destinados a Angola, Moçambique, Brasil e Cabo Verde.
Com peso inferior a 4%
do total alinharam-se os grupos “Madeira,
cortiça e papel” (3,9%), em sua maior parte com destino a Angola,
Moçambique, Cabo Verde e Brasil, “Têxteis
e vestuário” (2,7%), principalmente para Angola, Brasil, Moçambique e Cabo
Verde, “Aeronaves, embarcações e partes”
(2,6%), essencialmente para o Brasil, “Material
de transporte terrestre e partes” (2,6%), principalmente para Angola, mas
também Brasil, Moçambique e Cabo Verde, “Energéticos”
(2,0%), com predomínio da Guiné-Bissau, Moçambique e Angola, e “Calçado, peles e couros” (1,2%), tendo
Angola como principal destino.
A nível de dois dígitos da
Nomenclatura Combinada, os quinze principais produtos exportados para a CPLP em
2005 representaram 67,7% do total, produtos que pesaram 55,1% na exportação
para o Mundo (Figura 9).
As maiores quotas da CPLP nas
exportações para o Mundo couberam às “Gorduras e óleos animais e vegetais”
(38,1%), “Aeronaves e suas partes” (37,2%), “Preparações de carnes, peixe,
crustáceos e moluscos” (27,2%), “Leite e lacticínios” (23,7%), “Máquinas e
aparelhos mecânicos” (12,4%), “Obras de ferro fundido, ferro e aço” (10,7%) e
“Produtos farmacêuticos” (10,6%).
Seguiram-se os grupos “Peixes,
crustáceos e moluscos” (9,7%), “Máquinas e aparelhos eléctricos” (9,5%),
“Mobiliário, colchões e candeeiros” (8,8%), “Ferro fundido, ferro e aço” (6,4%),
“Plástico e suas obras” (5,1%), “Combustíveis e óleos minerais” (1,8%) e
“Automóveis, tractores e ciclos” (1,5%).
7 – Importações e exportações em Portugal
por estado-membro da CPLP entre 2008 a 2015
Seguem-se dados estatísticos,
apresentados em quadros e gráficos, relativos às trocas de mercadorias entre
Portugal e cada um dos estados-membros da CPLP no período de 2008 a 2015,
cobrindo a balança comercial, as importações e exportações por grupos de
produtos, os quinze principais produtos (SH-2) importados e exportados e a
evolução das importações e exportações por grupos de produtos, no período em
análise, face ao valor que detinham em 2008 (2008=100).
Em anexo encontra-se
ainda representado o peso de Portugal nas importações e nas exportações de cada
parceiro da CPLP, agora a partir de dados de base do “International Trade
Centre” (ITC), excepto no que diz respeito às trocas da Guiné-Bissau e de Timor-Leste
com Portugal, em que, por falta de informação com esta origem, foram utilizados
dados do Instituto Nacional de Estatística de Portugal (INE), com aplicação do
factor de conversão Cif-Fob = 0,9533 (Anexo 2).
Um trabalho de Walter Anatole Marques - walter@anatolemarques.com
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