SÃO
PAULO – Em discurso durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, o ministro da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, reconheceu que a
política de comércio exterior cada vez mais se coloca no centro da agenda prioritária
do governo. É de se admitir que se trata de um bom sinal, mas também um
reconhecimento público de uma autoridade de que, até aqui, a política de
comércio exterior nunca foi prioritária para o governo.
De
fato, desde 1991, quando se tornou membro do Mercosul, o Brasil só firmou três
acordos de livre-comércio – com Israel, Palestina e Egito, mas deste apenas o
primeiro está em vigor –, enquanto no mundo ocorreu uma explosão de tratados
bilaterais e regionais. Esse fato mostra e explica por que o Brasil ficou para
trás na área do comércio internacional.
Portanto,
só agora, quando o País chegou ao fundo do poço, depois de dois anos de
involução em seu Produto Interno Bruto (PIB), em razão das últimas más
administrações federais, parece que seus governantes descobriram que o caminho
para a retomada do crescimento econômico passa também por um comércio exterior
consistente em que o superávit seja produto de uma corrente de comércio forte e
não como o de 2016, de US$ 47 bilhões, que não foi obtido por aumento de
exportações, mas por queda de importações.
Apesar
da retórica governamental, o que se vê ainda é que as importações continuam
caindo livremente, em função de vários fatores internos, como falta de demanda,
desemprego e inadimplência. E, principalmente, porque a indústria nacional vem
perdendo competitividade no mercado exterior e até no mercado interno. Com
isso, não tem condições de importar bens de capital (máquinas e equipamentos), linhas
de produção ou mesmo fábricas completas usadas para expandir seu parque fabril
e sua produção.
Está
claro que, enquanto não se fizer as reformas estruturais nas áreas tributária,
previdenciária e trabalhista e, principalmente, enquanto não se investir
maciçamente em infraestrutura, o Brasil vai continuar sendo obrigado a exportar
tributos ou custos elevados, o que derruba a competitividade de seus produtos.
Por isso, não se sabe até que ponto os acordos comerciais que estão sendo
buscados em negociações do Mercosul com o México, com a União Europeia, Canadá
e com a Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta, na sigla em inglês), que
reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, poderão ajudar a reativar o
comércio exterior brasileiro.
Obviamente,
esses acordos comerciais são bem-vindos e trazem a esperança de que irão ajudar
a promover uma revitalização nos números da balança comercial
(exportação/importação), o que se dará principalmente se estimularem novas
empresas estrangeiras a acreditar que o Brasil vive um bom momento. Só com
novos empreendimentos que criem empregos e aumentem a renda no País será
possível promover a revitalização da economia. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br
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