SÃO
PAULO – Depois de mais de ano e meio de negociações preliminares e de mais de
15 anos de trocas de informações, o Mercosul e a Associação Europeia de
Livre-Comércio (Efta, na sigla em inglês), que reúne Suíça, Noruega Islândia e
Liechtenstein, aproveitaram a reunião do Fórum Econômico Mundial, em
Davos, em janeiro, não para assinar um acordo de
livre-comércio, mas para situar as tratativas num patamar mais elevado,
colocando fim ao que eufemisticamente chamam de “processo exploratório”.
Fortemente
influenciado pela Suíça – que com a Noruega detêm mais de 95% do volume de
negócios do bloco –, o Efta tem
interesse em obter maior acesso ao mercado de serviços financeiros do Cone Sul,
além de garantir que os produtos de seus laboratórios farmacêuticos circulem
com maior facilidade. Ou, então, em igualdade de condições com os medicamentos
dos laboratórios da União Europeia, caso também saia do papel o acordo deste
bloco com o grupo sul-americano.
Já
o Mercosul tem interesse em colocar no mercado do Efta os produtos do seu
agronegócio, mas, desde já, sabe-se que esse é um obstáculo muito difícil de
ser derrubado, já que Suíça e Noruega são países campeões mundiais de
protecionismo no setor. Em 2016, o fluxo comercial entre Mercosul e Efta
alcançou US$ 8 bilhões, cifra nada desprezível, que poderá ser multiplicada por
três ou quatro vezes rapidamente, se o acordo vier a ser mesmo formalizado.
As
maiores exportações do minibloco europeu são de produtos farmacêuticos,
produtos químicos, maquinaria, petróleo, carvão e pescados, enquanto o Mercosul
exporta para lá produtos agrícolas, alimentos industrializados, produtos
químicos e metais. Em 2016, o intercâmbio comercial (soma de importações e
exportações) entre Brasil e Suíça somou US$ 3,4 bilhões. O Brasil exportou US$
1,6 bilhão e importou US$ 1,8 bilhão, resultando em déficit de US$ 236 milhões.
Em comparação com 2015, houve uma queda significativa (-20%): naquele ano, a
corrente de comércio chegou a US$ 4,2 bilhões, com o Brasil exportando US$ 1,9
bilhão e importando US$ 2,3 bilhões, o que resultou em déficit de US$ 436
milhões.
O
Brasil costuma vender para a Suíça, principalmente, plataformas de exportação
de petróleo, importando medicamentos. As exportações para a Suíça representam apenas
1% da pauta de vendas externas brasileiras e 1,3% das importações, o que se
explica pelo fato de que, embora esteja entre os dez países mais ricos do
mundo, a Suíça é um país pequeno e seu mercado de modestas dimensões.
Seja
como for, para o Brasil e para o Mercosul, é importante que essas negociações
em Davos avancem o máximo possível, pois um acordo com o Efta pode levar a
União Europeia a reduzir suas pretensões e exigências diante do bloco
sul-americano, acelerando a formalização do tratado. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br
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