SÃO
PAULO – A pesquisa CNT de Rodovias 2016, elaborada pela Confederação Nacional
do Transporte (CNT) em conjunto com o Serviço Social do Transporte (Sest) e o
Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), mostrou que a retomada
do desenvolvimento nos próximos anos só será possível se houver um esforço
concentrado do governo federal e dos governos estaduais para que o País amplie
sua malha rodoviária e conquiste maior eficiência em sua infraestrutura de
transporte. Caso contrário, não haverá como distribuir com fluência a produção,
condição fundamental para que haja maior oferta de empregos e crescimento.
A
pesquisa indica que o País, com uma extensão total de 1.720.756 quilômetros,
dispõe de apenas 211.463 quilômetros de estradas pavimentadas, ou seja, 12,3%. Em
comparação com outros países de dimensões continentais, o Brasil perde feio para
os EUA, que têm 438 mil quilômetros pavimentados, e China, com 359 mil quilômetros.
A
pesquisa mostra ainda que 58,2% das rodovias brasileiras têm algum tipo de
deficiência na pavimentação, sinalização ou geometria e foram classificadas
como regulares, ruins ou péssimas. Outras 41,8% foram classificadas como ótimas
ou boas. Em relação ao pavimento, 48,3% dos trechos avaliados foram
classificados como regulares, ruins ou péssimos. Para a sinalização, esse
percentual foi de 51,7% e na geometria, 77,9%. A pesquisa avaliou 103 mil
quilômetros de estradas e abrangeu toda a malha de rodovias federais e as
principais rodovias estaduais pavimentadas, incluindo trechos concedidos à
iniciativa privada.
Obviamente,
os trechos de rodovias concedidas à iniciativa privada têm melhor avaliação,
com 78,7% da malha classificada como ótima ou boa. Nas rodovias públicas, 32,9%
foram avaliadas como ótimas ou boas. Como em 2015, as dez melhores rodovias
apontadas pela pesquisa têm gestão privada. A região Nordeste é a que tem as
piores condições de pavimento.
A
CNT calcula que, para melhor qualificar a malha rodoviária brasileira, seriam
necessários investimentos de R$ 292 bilhões. Desse total, R$ 137 bilhões seriam
destinados a duplicações; R$ 98 bilhões à construção de novos trechos e
pavimentação; e R$ 57 bilhões para restauração e reconstrução de pavimentos.
Hoje, o Brasil investe, em média, R$ 6,5 bilhões por ano em rodovias, o que
significa que está se distanciando cada vez mais da situação ideal. Entre as
principais barreiras enfrentadas pelo modal rodoviário, estão a degradação das
estradas e as altas taxas de pedágio. Sem contar os números assustadores de roubos
de cargas.
De
acordo com o estudo da CNT, há anos o modal rodoviário tem sido a principal
alternativa para a movimentação de cargas, com participação de 61,1%, seguido
pelos modais ferroviário (20,7%), aquaviário (13,6%), dutoviário (4,2%) e aéreo
(0,4%). Diante disso, seria fundamental que o Brasil viesse a equilibrar sua
matriz de transporte, aumentando a participação dos demais modais,
especialmente o ferroviário.
Só
que, no atual quadro, em que a União e os Estados passam por sérias crises
orçamentárias, em consequencia da atuação de governantes irresponsáveis, é
difícil imaginar maiores investimentos nos demais modais, que exigiriam
recursos ainda mais vultosos. Resta, portanto, procurar melhorar a malha rodoviária.
Ou seja, o País paga hoje por erros do passado. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br
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