Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 1 de janeiro de 2017

Vampiros















Vamos aprender português, cantando


No céu cinzento
sob o astro mudo
batendo as asas
pela noite calada
vem em bandos
com pés veludo
chupar o sangue
fresco da manada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

A toda a parte
chegam os vampiros
poisam nos prédios
poisam nas calçadas
trazem no ventre
despojos antigos
mas nada os prende
às vidas acabadas

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Se alguém se engana
com seu ar sisudo
e lhes franqueia
as portas à chegada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

No chão do medo
tombam os vencidos
ouvem-se os gritos
na noite abafada
jazem nos fossos
vítimas dum credo
e não se esgota
o sangue da manada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

São os mordomos
do universo todo
senhores à força
mandadores sem lei
enchem as tulhas
bebem vinho novo
dançam a ronda
no pinhal do rei

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Se alguém se engana
com o seu ar sisudo
e lhes franqueia
as portas à chegada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

Eles comem tudo
eles comem tudo
eles comem tudo
e não deixam nada

José Afonso - Portugal

Sem comentários:

Enviar um comentário