Em
vez de reuniões intermináveis para tentar equacionar os impactos do escoamento
da safra agrícola, se as autoridades tivessem cumprido o organograma de obras previsto
para a Baixada Santista teria sido melhor. Basta ver que a construção de um
segundo acesso rodoviário à margem esquerda do Porto de Santos, em Guarujá, que
estava prevista para 2013, ainda não saiu do papel.
A
promessa agora é de que ainda no primeiro semestre de 2014 a obra terá seu
início, desde que os órgãos ambientais liberam a construção. Será uma nova
ligação entre a rodovia Cônego Domênico Rangoni e a Avenida Santos Dumont,
paralela à Rua Idalino Pinez, mais conhecida como Rua do Adubo, com 600 metros
de comprimento e 50 metros de largura.
Para
tanto, a Prefeitura de Guarujá, em vez de desapropriar a área, como seria
habitual, terá de pagar aluguel mensal de R$ 70 mil a duas empresas que são
proprietárias de 40% da área por onde passará o novo acesso, mas esse valor
será custeado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que
utilizará a via na segunda etapa da Avenida Perimetral da margem esquerda. Orçada
em R$ 1,8 milhão, a obra será bancada pelos terminais daquela área, ficando a Santos
Brasil, operadora do Terminal de Contêineres (Tecon), responsável por 65% do
valor e os demais terminais pelo restante.
Seja
como for, a nova via de acesso irá ajudar na fluidez do trânsito urbano, mas não
poupará os moradores dos inconvenientes do tráfego pesado, já que a Rua do
Adubo continuará a receber os caminhões com contêineres, enquanto o novo acesso
será exclusivo para os granéis que seguem em direção aos terminais.
Se
tudo correr bem, os técnicos avaliam que em 90 dias será possível construir
esse segundo acesso à margem esquerda, mas, de qualquer modo, parece claro que
antes do segundo semestre de 2014, dificilmente, o tráfego poderá contar com
essa alternativa. Isso
significa que, apesar das promessas das autoridades de que a fiscalização seria
redobrada, o que está ocorrendo é a repetição dos problemas enfrentados no ano
passado, quando as vias portuárias e urbanas da Baixada Santista ficaram
congestionadas pelo excesso de caminhões que trouxeram a safra, prejudicando o
trabalho das demais empresas que nada têm a ver com a exportação agrícola.
Como
a própria Prefeitura de Guarujá reconhece, até agora, só foram executadas
medidas “paliativas”, como a obrigatoriedade de que cada caminhão desça a Serra
do Mar com hora marcada para ser recebido no terminal. Mas, por enquanto, um em
cada seis veículos tem descumprido a norma da Codesp. Multas já foram aplicadas,
é verdade, mas não têm sido suficientes para impedir que o caos se instale na região,
com o comprometimento da mobilidade urbana e das atividades comerciais e
industriais. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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