Saudades de Portugal
Esta semana bateram-me forte
as saudades de Portugal. Não as saudades da corrupção, dos sucessivos Governos
incompetentes, do desemprego, da precariedade. Não!
Lembrei-me das coisas boas e positivas que o
meu país tem. Lembrei-me da terra dos meus avós, que fica na Serra da Lousã.
Lembrei-me do bairro de Alfama onde nasci. Lembrei-me do Alentejo, das suas
pessoas e da sua gastronomia. Lembrei-me de cidades que tanto amo como
Guimarães, Évora, Aveiro e, claro, da minha eterna Lisboa. Lembrei-me das
praias maravilhosas que pontuam a costa do país. Lembrei-me dos rios e das
praias fluviais portuguesas. Lembrei-me de Vila Nova de Milfontes, de Porto Covo
e da Zambujeira do Mar. Lembrei-me do Algarve, de Tavira, de Vila Real de Santo
António, de Aljezur ou de Sagres.
Lembrei-me de Sesimbra, de Sintra, de Cascais,
da Ericeira, de Peniche e da Nazaré. Lembrei-me da minha infância na Costa da
Caparica. Lembrei-me da Serra da Estrela e quão bela é. Lembrei-me da neve e do
sol. Lembrei-me do Queijo da Serra. Lembrei-me do azeite e do vinho, seja tinto
ou branco, ou até verde vindo de um dos recantos que mais aprecio no meu país,
o Minho.
Lembrei-me de Trás-os-Montes. Lembrei-me da
“Alheira de Mirandela”. Vejam bem que até me lembrei do Mirandês, segunda
língua oficial do meu país. Lembrei-me do “Javali com feijão”, das “Papas de
Sarrabulho”, do “Arroz de Carqueja”, da “Sopa de Cação”, da “Carne do Alguidar
com migas de espargos verdes”, da “Chanfana”, da “Açorda de Marisco”, da
“Galinha de Cabidela”, do “Pudim de Abade de Priscos”, do “Pastel de Tentúgal”,
do “Pastel de Belém”, lembrei-me…
Lembrei-me dos Santos
Populares e da sardinha assada no braseiro. Lembrei-me do pão. Hummm, do
maravilhoso pão de Mafra, do pão alentejano, da broa de Milho ou da broa de
Avintes. Imaginei-me, por breves segundos, a fazer uma sandes num desses
saborosos pães. Podia ser com chouriço de Arganil, com paio do Montoito, com
morcela de arroz do Fundão ou com presunto de Chaves. Tanto faz.
António Falcão - Hoje Macau |
Lembrei-me das cervejarias e das tabernas.
Lembrei-me dos croquetes, dos pastéis de bacalhau, dos rissóis e dos pastéis de
massa tenra. Lembrei-me da bela cerveja e do belo marisco. Imaginei uma mesa
farta de sapateira, camarão de Espinho, gambas, percebes, amêijoa, canivetes e
berbigão. Lembrei-me dos caracóis e das caracoletas que nunca deixo de comer
sempre que volto a Portugal.
Lembrei-me das festas nas aldeias. Do Quim
Barreiros ao José Cid. Lembrei-me das quermesses, das rifas, do porco a rodar
no espeto, das garraiadas e das bebedeiras.
Lembrei-me das rendas de bilros, dos ranchos
folclóricos, dos Pauliteiros de Miranda, do Galo de Barcelos e do Sobreiro,
aldeia típica de José Franco. Lembrei-me do Mosteiro dos Jerónimos, da Torre de
Belém, do Mosteiro da Batalha, da Igreja do Bom Jesus de Braga, de Conímbriga
ou da Torre dos Clérigos. Lembrei-me do CCB, da Casa da Música, do Parque das
Nações ou do Museu do Chiado.
Lembrei-me do Bairro Alto, do Cais do Sodré,
da Ribeira e da Foz do Porto. Lembrei-me da Comporta, de Barrancos, da Covilhã,
de Góis, da Pampilhosa da Serra, da Sertã, de Arouca, de Ansião, de Coimbra, da
Guarda, de Bragança, de Mourão, de Monsaraz, de Santarém, de Viana do Castelo,
de Vila Verde, de Peso da Régua, da Amadora, de Belas, do Piódão, e de outras
tantas localidades que me dizem tanto e onde, como diz o Malato, fui tão feliz.
Lembrei-me da Madeira e dos madeirenses, povo
que tanto admiro. Lembrei-me de como me sinto em casa quando vou ao Funchal,
como se algum dia, noutra qualquer vida, tivesse ali vivido. Lembrei-me do bolo
do caco, do bolo de mel, da poncha ou das maravilhosas e gigantescas lapas.
Lembrei-me do Porto Santo. Lembrei-me dos Açores e das suas nove ilhas. Da
variedade de pequenas culturas numa imensidão de pessoas naquele lugar no meio
do Oceano Atlântico. Lembrei-me do chá Gorreana e do queijo de São Jorge.
Portugal é isto e muito mais. Não é Passos
Coelho, Sócrates, Cavaco Silva, Soares ou Relvas, e toda essa corja de
políticos que, na verdade, se estão a marimbar para o sentido de ser português
e da portugalidade. Preservem Portugal, sejam portugueses com orgulho como eu
sou à distância. Portugal pode ser tudo, tem quase tudo. Vocês são uns
privilegiados, nesse sentido, e eu lembrei-me que tenho tantas saudades do meu
país… Lobo Pinheiro – Macau in “Hoje
Macau”
Sem comentários:
Enviar um comentário