Embora
dificilmente venha a estar em funcionamento até março, mês em que ocorre o pico
dos congestionamentos provocados pelos caminhões que levam a safra agrícola
para o Porto de Santos, a iniciativa do grupo interministerial – formado por
representantes da Secretaria Especial de Portos (SEP), Ministério dos
Transportes e Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – de
estimular a criação de um pátio regulador na região do Planalto paulista é
muito bem-vinda, pois, como se sabe, já vem tarde.
Nos
próximos dias, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) deverá
publicar edital com o objetivo de atrair empresas interessadas em viabilizar o
empreendimento. É inquestionável que o pátio regulador deve ser construído fora
da Baixada Santista para que os veículos sejam retidos antes de descer a Serra
do Mar pela velha e decrépita Via Anchieta.
A
ideia é que o caminhão não desça para o Litoral sem que haja prévio
agendamento, o que significa que o veículo só vai se aproximar da zona
portuária se houver capacidade para recebê-lo. Com isso, evitar-se-á que
acostamentos de rodovias e ruas e acessos viários ao porto sejam transformados
em estacionamentos improvisados.
Como
já percebeu que não é possível administrar o porto de um escritório em
Brasília, o governo federal pretende instalar em Santos, na segunda semana de
janeiro de 2014, uma filial da Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(Antaq). Portanto, caberá à Antaq não só estabelecer as normas para a entrada
dos caminhões nos terminais como multar os responsáveis pelos veículos
infratores e arrendatários dos terminais que não cumprirem as determinações.
Aliás,
a Codesp que, a exemplo do Conselho de Autoridade Portuária (CAP), teve o seu
poder de decisão ainda mais esvaziado pela nova Lei dos Portos (nº 12.815/13),
só poderá exercer a fiscalização, sem competência para aplicar multas e muito
menos suspender o arrendamento das instalações.
Outra
iniciativa da recém-revigorada Antaq será firmar um convênio com a Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para a fiscalização da segurança nas
ferrovias que dão acesso ao Porto de Santos, avaliando os serviços das
concessionárias. Mas não basta fiscalizar. O que se espera é que a Antaq e a ANTT
estabeleçam a obrigatoriedade da construção de pátios ferroviários nos novos
terminais de uso privativo (TUPs) para viabilizar a integração e o escoamento
de cargas por empreendimentos públicos como o Ferroanel, o que, lamentavelmente,
não está devidamente contemplado na nova Lei dos Portos, por falha ou
esquecimento dos legisladores.
Como
se vê, os congestionamentos frequentes nas rodovias são resultado de uma
prática que leva os terminais a deixar de utilizar as ferrovias. Obviamente, se
assim agem, é porque têm razões para fazê-lo. Ou seja, o desempenho do modal
ferroviário estaria aquém das necessidades. Portanto, é preciso buscar também
soluções para aumentar a eficácia logística ferroviária. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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