Dragagem: urgência nos serviços
O grupo
interministerial formado por representantes da Secretaria Especial de Portos
(SEP), Ministério dos Transportes e Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) está empenhado em reavaliar todo o plano de dragagem do
Porto de Santos. Ora, isso é uma confissão pública do governo federal de que as
obras de dragagem têm deixado muito a desejar, contribuindo não só para a
ampliação dos congestionamentos viários como para prejudicar a produtividade do
cais.
Na verdade,
recursos nunca faltaram – ao menos no papel – para as obras de dragagem: R$ 199
milhões estão disponíveis para os serviços, segundo a Companhia Docas do Estado
de São Paulo (Codesp). Acontece que há meses licitações judicializadas impedem
a conclusão dos serviços de aprofundamento do canal de navegação na área que
vai do Armazém 12A até a curva do Armazém 23, no Cais de Outeirinhos. Sem
contar que a Codesp está contratando, em caráter emergencial, uma nova empresa
para a execução dos serviços, já que a atual responsável admitiu que enfrenta
dificuldades financeiras para levar adiante as obras.
Quer dizer,
os serviços de dragagem têm se mostrado insuficientes para atender a atual
demanda no Porto de Santos, que, com certeza, vai superar neste ano a marca
alcançada em 2012, quando foram movimentadas 105 milhões de toneladas. É de
notar que de janeiro a setembro de 2013 foram movimentadas 85,7 milhões de
toneladas, o que faz prever uma movimentação neste ano em torno de 114 milhões
de toneladas.
Daí a
preocupação porque a tendência é que os navios continuem a crescer e a exigir
maior profundidade do canal de navegação, já que os calados são maiores, o que
deverá se acentuar a partir de 2014 com a abertura do novo Canal do Panamá. Para
receber essas grandes embarcações, é preciso continuar investindo em dragagem,
pois só assim será possível oferecer maior capacidade de movimentação, desde
que os arrendatários também invistam em equipamentos, tecnologia e na
construção de berços adequados.
Hoje, sabe-se
que mais da metade do canal do estuário está com profundidade que vai de 13,5 a
15 metros, mas ainda há trechos sem as mínimas condições de navegabilidade para
uma embarcação moderna. Em muitos casos, os navios são obrigados a deixar o
cais com boa parte de sua capacidade não aproveitada, porque, se assim não
fosse, acabariam encalhados em algum banco de areia do canal. Ora, isso
compromete seriamente a produtividade do porto.
Seja como
for, o que se espera é que, nos próximos meses, haja um esforço concentrado
para que a nova empresa encarregada conclua com brevidade os serviços de
aprofundamento do canal de navegação para 15 metros, o que facilitaria a
atracação de navios de última geração, os chamados super post panamax,
com capacidade para 9 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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