Outrora
Quando
a chuva vinha
Era
a alegria que chegava
Para
as árvores
O
capim
E
para a gente.
Era
a hora do banho sob a chuva
Meninos
sem chuveiro
A
água regateada na cacimba
Muitas
horas de pé esperando a vez.
Era
a alegria de todos, essa chuva:
Porque
então fiz o primeiro poema triste?
Hoje
ela veio
Veio
sem o encanto de outras eras
E
ergueu na minha frente o tempo ido.
Porque
estou triste?
Porque
estou só?
A
canção é sempre a mesma
Mesmos
os fantasmas, meu amor:
Inútil
o teu sol ante os meus olhos
Inútil
teu calor nas minhas mãos.
Essa
chuva é minha amante
Velho
fantasma meu:
Inútil,
meu amor, tua presença.
Mário António -
Angola
Sem comentários:
Enviar um comentário