De
2000 até 2013, as exportações mundiais passaram de US$ 6 trilhões para US$ 20
trilhões e a tendência é que continuem subindo, como consequência da formação
de grandes blocos comerciais. O Brasil também se aproveitou muito desse
crescimento. Tanto que nesse período as exportações brasileiras, que eram de
US$ 55 bilhões, passaram para US$ 200 bilhões.
É
um resultado significativo, ainda que esses números tenham sido impulsionados
principalmente pela venda de soja e minério para a China e de carne e açúcar
para o Oriente Médio. Melhor seria se tivessem sido impulsionados não por
commodities, mas por produtos manufaturados de alto valor agregado.
Esses
números só não são mais significativos porque o Mercosul não acompanhou esse
crescimento, embora o Brasil tenha acrescentado combustíveis e aço à pauta
tradicional, que incluía veículos e máquinas e equipamentos. De fato, o
Mercosul, que já representou 17% do
valor total do comércio exterior de seus associados, hoje está limitado a
12%.
O que fazer para alterar esse quadro? Uma saída é
acolher as sugestões do Conselho de Comércio Exterior do Mercosul (Mercoex),
que reúne entidades representativas do setor privado dos quatro países que
constituíram o bloco: Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Cámara
de Exportadores de la República Argentina (Cera), Cámara de Importadores del
Paraguay (CIP) e Unión de Exportadores del Uruguay (UEU).
Entre várias medidas, o Mercoex sugere que sejam
levantadas as barreiras comerciais que ainda permanecem dentro dos parceiros do
bloco. Muitas dessas barreiras nascem de uma visão excessivamente nacionalista
dos governos e não refletem o que pensa a parte diretamente interessada, ou seja,
o setor privado.
Outra
sugestão do Mercoex é que sejam aceleradas as negociações com a União Europeia
para a assinatura de um acordo comercial, o que se persegue há mais de uma
década. Além disso, a entidade defende medidas que melhorem a competitividade
das empresas que se valem das facilidades que o bloco oferece.
É
de ressaltar que o Mercosul, 22 anos depois da assinatura do Tratado de
Assunção, se ainda não alcançou a integração prevista à época de sua criação,
vem desempenhando um papel fundamental, pois tem constituído uma espécie de
“incubadora” para que pequenas e médias empresas tenham a sua primeira
experiência em comércio exterior. Muitas delas a partir dessa “iniciação” têm
conseguido abrir as portas de outros mercados no mundo.
O
Mercoex defende ainda que seja firmado um acordo de proteção de investimentos
do Mercosul e que o Paraguai seja reintegrado de forma plena ao bloco,
inclusive assumindo o próximo mandato da presidência da entidade. Se Brasil e
Argentina deixarem de lado divergências históricas e seguirem à risca as
sugestões do Mercoex, com certeza, o Mercosul passará a ter um peso maior na
pauta de exportações/importações de seus países-membros. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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