De olho na estrela Michelin
O chef
Martinho Moniz quer fazer história e conseguir que o restaurante Guincho a
Galera seja o primeiro de cozinha portuguesa em Macau a ser distinguido com uma
estrela Michelin. Para lá chegar o chef
promete trabalhar “mais e melhor”, obtendo o reconhecimento de críticos e do
público.
Conseguir uma estrela no Guia Michelin é o
maior desejo do chef português
Martinho Moniz, que em Setembro deste ano completou dois anos como responsável
máximo pela elaboração de pratos e gestão da cozinha e serviço do restaurante
de gastronomia portuguesa Guincho a Galera, em Macau.
O espaço, que fica localizado no terceiro
andar do Hotel Lisboa, voltou este ano a surgir na lista dos 20 melhores
restaurantes das duas regiões administrativas especiais da China para 2014, na
edição de Hong Kong da revista Tatler. Esta é originalmente uma publicação de
origem britânica que indica anualmente as tendências sociais para a
aristocracia e a alta sociedade de todo o mundo. Apesar de ter caído da 14a posição
em 2013 para a 20a posição em 2014, o Guincho a Galera continua a
ser o único restaurante de cozinha portuguesa neste guia, que inclui uma
selecção variada de restaurantes de nível mundial, em Hong Kong e Macau.
A competição para conseguir a distinção é
feroz e este ano há cinco novas entradas na lista da Tatler. “Entraram novos
restaurantes, com novos investimentos e novas ambições”, diz o chef Martinho Moniz. A própria revista
refere que a escolha das 20 melhores mesas de Hong Kong e Macau “não foi tarefa
fácil”, tendo em consideração a variedade de restaurantes de classe mundial
disponíveis nos dois territórios.
Fazer mais e melhor
Para conseguir a ambicionada estrela Michelin
o principal chef do Guincho a Galera
tenciona trabalhar em duas frentes. Por um lado, vai continuar a investir “em
novos pratos, melhor serviço, na carta de vinhos”. Por outro, diz, é necessário
um trabalho persistente de divulgação da “filosofia do restaurante” para obter
o reconhecimento de críticos e do público. “Tenho consciência de que estamos a
fazer um bom trabalho, mas que temos de fazer ainda mais e melhor. É necessário
agradar a mais clientes, obter mais comentários nas revistas, nos [trip]
‘advisors’, nos blogues, nas publicações profissionais”, diz Martinho Moniz.
Obter reconhecimento e alcançar notoriedade
é, todavia, um processo que leva tempo, “é um trabalho que vai sendo
conquistado aos poucos”, explica.
Martinho Moniz, 33 anos, é originário de uma
aldeia chamada Barreira de Leiria, em Portugal. Conta que a sua cozinha resulta
da influência, sobretudo, da mãe, “a Dona Maria Alice, especialista em cozinha
tradicional portuguesa”, e de “chefs
internacionais”. Entre estes, contam-se o francês Aimé Barroyer, com quem
Martinho Moniz trabalhou em Portugal, e o chef Paul Bocuse, que dá nome a um
dos prémios mais prestigiados da hotelaria.
No Guincho a Galera, que deriva do
restaurante português Fortaleza do Guincho, em Cascais, com uma estrela
Michelin, o chef Martinho Moniz
apresenta uma cozinha portuguesa “actual, contemporânea e, ao mesmo tempo,
tradicional”. “Preservamos a autenticidade do produto, mas ao mesmo tempo com
alguma irreverência do chef”, diz.
Essa irreverência, adita Martinho Moniz, pode ser encontrada na combinação de
sabores, de produtos, do tradicional com o internacional.
Na opinião do chef, a cozinha portuguesa, que costumava ser vista como uma opção
de comida barata, está a ganhar espaço em Macau enquanto opção gastronómica de
qualidade. “As pessoas têm necessidade da variedade e da diferença e, por
estranho que pareça, há poucos restaurantes de autêntica comida portuguesa em
Macau.” Martinho Moniz está agora a apostar no fabrico caseiro de enchidos. O
objectivo é conseguir produtos mais autênticos, um dos distintivos dos restaurantes
de alta qualidade. É, também, uma estratégia para marcar a diferença e, se tudo
correr bem, ganhar uma estrela. Cláudia
Aranda – Macau in “Ponto Final”
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