Conforme o blogue “Baía da Lusofonia”
noticiou no passado dia 25 de Junho de 2013, o Congresso da
Nicarágua tinha aprovado na véspera uma lei que permitia a uma empresa de
Hong Kong construir um canal marítimo para ligar os oceanos Pacífico e
Atlântico, sendo uma alternativa ao novo Canal do Panamá.
Passados seis meses, assiste-se às primeiras
movimentações chinesas na Nicarágua, com os técnicos oriundos da China a
estudarem as condições dos solos, a fazerem demarcações para futuras
expropriações, mostrando-se no terreno, que vieram para alterar definitivamente
a paisagem da Nicarágua.
O Presidente Daniel Ortega e o empresário chinês Wang Jing |
Wang Jing, o empresário chinês que lidera
todo o empreendimento, conseguiu uma concessão do canal por cinquenta anos, prorrogável
por igual período, construindo e administrando este ambicioso projecto sem a
intervenção das autoridades locais.
Já no séc. XIX fizeram-se estudos para se
construir um canal interoceânico na Nicarágua, mas foram abandonados em virtude
da região ser de elevada actividade vulcânica e sísmica, o que na altura era
considerado uma situação de alto risco, comprovado com a destruição da capital
Manágua, por dois terramotos, um em 1931, outro em 1972.
Enquanto ainda existem dúvidas sobre a
localização exacta do canal, sabe-se que os navios irão passar pelo Lago da
Nicarágua, uma superfície aproximada de 8 600 km2 de água doce que
certamente irão causar problemas de impacto ambiental. Mas pelas movimentações
dos técnicos chineses, tudo indica que do lado do Pacífico, está encontrado o
local de abertura do canal, perto da localidade de Brito. Dúvidas parecem
também não existir, na passagem por perto de Morrito, na margem do lago, para
aproveitamento e alargamento do respectivo aeroporto.
Num país, Nicarágua, em que a estabilidade
política não está consolidada, a construção desta infra-estrutura, terá o
acompanhamento dos grandes interesses internacionais, pois joga-se pelo
controlo das grandes vias de comunicação entre ocidente e oriente, após o
desejo de abandonar outras rotas, devido aos problemas da pirataria marítima e
também pela redução de custos, que os porta-contentores de última geração, os
chamados super post panamax permitem.
No centro deste jogo de interesses está bem
localizado um país que muitos dizem periférico de seu nome Portugal. Quem
acompanha o movimento de mercadorias a nível mundial, sabe que o Porto de Sines
é o porto de excelência na Europa, para as transacções rápidas entre
continentes, desde que seja apetrechado de todas as infra-estruturas
necessárias ao seu bom desempenho, que não vou aqui repetir.
Paralelamente ao início dos rumores da
construção do Canal da Nicarágua, em Lisboa, avançou-se com o projecto do porto
de águas profundas na Trafaria. Estará? Estaria? A manifestação de interesses
pela construção deste porto, com o investimento que se vai começar a realizar
na outra margem do Atlântico? Baía da
Lusofonia
O projecto 3 que está a ter mais consenso |
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