Integração dos modais, a solução
Não bastassem
as dificuldades causadas por uma infraestrutura logística precária e
insuficiente, as empresas que atuam no comércio exterior ainda enfrentam outro problema
grave: a falta de segurança para os seus produtos nas estradas brasileiras. E o
problema só tende a se agravar quando se vê que o modal rodoviário é
majoritário, responsável por mais de 60% de todo o transporte de carga.
É o que se
conclui também quando se analisa os dados da Secretaria de Segurança Pública do
Estado de São Paulo na questão de roubo de cargas: na região metropolitana de
Campinas, cortada pelas rodovias Fernão Dias, Santos Dumont, Dom Pedro I, dos
Bandeirantes e Via Anhanguera, o número de ocorrências no primeiro semestre de
2013 mais que dobrou em relação a período idêntico em 2012, passando de 234
para 472 registros. Do primeiro semestre de 2011 para o mesmo período de 2012,
já havia sido registrado um aumento de 25%, passando de 184 para 234.
Não há dúvida
que esses números podem decrescer se houver maior equilíbrio na matriz de
transporte, o que só poderá ocorrer se houver investimentos maciços nos modais
ferroviário e hidroviário, além da ampliação da capacidade de armazenagem das
safras de grãos, já que a ausência de silos obriga os produtores a enviar toda
a sua carga de uma só vez em cima de caminhões, congestionando rodovias e
portos.
Além de
oferecer maior segurança à carga, os modais ferroviário e hidroviário e a
cabotagem são mais econômicos. Basta ver que o custo para o transporte de um
contêiner por caminhão de Campinas para o Porto de Santos fica ao redor de R$ 2
mil, mas seria 20% mais barato se fosse por via férrea. Da mesma forma, haveria
um barateamento de 20 a 25% se a carga fosse movimentada por navio dentro do
próprio País ou se transportada nos rios em contêiner por barcaças até o porto.
É de notar ainda que, em termos de custo e capacidade de carga, o transporte
hidroviário é cerca de oito vezes mais barato que o rodoviário e três vezes
mais em conta que aquele feito por ferrovia.
É claro que,
para tanto, seriam necessários muitos investimentos para reconstruir e reforçar
pontes e alargar túneis, no caso de ferrovias, e ampliar a navegabilidade dos
rios. Engana-se, porém, quem imagina que o modal rodoviário estaria com os dias
contados. Pelo contrário. Sempre haverá necessidade do transporte por caminhão
para curtas ou médias distâncias, devidamente integrado aos modais ferroviário
e hidroviário.
Esse é o
desafio que o Brasil terá de enfrentar nas próximas décadas, já que o
crescimento da utilização do contêiner se afigura como inevitável. Basta ver
que do começo deste século para cá o número de contêineres movimentados no
mundo cresceu três vezes. Milton Lourenço
- Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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