John Stuart Mill |
Casamansa: Porque não um governo no exílio?
“A única liberdade que merece o nome é a de
buscar nosso próprio bem à nossa maneira, sem privar os outros de buscar a
deles”, escreveu John Stuart Mill (1806 – 1873).
Desde 1960, a Casamansa nunca foi submetida a
um referendo. A Constituição do Estado do Senegal foi imposta de forma
autoritária e este facto não foi democrático. Alguns professores, como Emile
Badiane e companhia, ansiosos de um poder elitista, afastam-se do Movimento das
Forças Democráticas da Casamansa (MFDC) e arrogam-se de todos os direitos,
incluindo o de nunca consultar os cidadãos casamanseses sobre as principais
questões que se colocam numa união com o Senegal de Léopold Sédar Senghor. Eles
são culpados de validar à sua maneira uma entidade perigosa que nega o direito
da soberania do povo de Casamansa. Eles estão envolvidos numa Constituição que
se aplica por defeito de não ser submetida pelo referendo. Estavam com medo da
democracia directa? Então, não seriam democratas. Foram roubados os direitos do
povo? Então, eles seriam usurpadores.
Sim, as mulheres e homens de Casamansa têm o
desejo da grandeza democrática e é preciso ser suficientemente grande para
reconhecer e aceitar as falhas dum Estado senegalês que até hoje nega os
direitos de soberania e independência do povo da Casamansa.
Pois se o Senegal não mexe sobre este dossier, então será preciso conceder a oportunidade
a este povo soberano da Casamansa de usar incondicionalmente e sem demora, os
plenos poderes democráticos que são os seus? É possível se o MFDC, quer dizer
todas as forças democráticas, cidadãos e forças políticas, concordem em formar
um governo, porque não no exílio.
Além disso, não precisamos de nenhuma
constituição, nenhum referendo para continuar a nossa marcha pela
independência. Como prova, graças à nossa vontade de não ceder em nada de
essencial, vamos realizar uma paz por todo o tempo com a Gâmbia, a
Guiné-Bissau, a República da Guiné e o Mali. Quanto ao Senegal, nos impôs a
guerra e a violência no nosso espaço territorial, contrariamente aos nossos
costumes e às nossas leis.
Nossos “amigos” do outro lado da Gâmbia, nós demonstramos
deste modo o que eles entendiam por Estado de direito, nós vamos agora
demonstrar-lhes que existe uma auto-estima, que vem em completa contradição com
a sua visão de opressão.
O pacto que vincularia os dois povos, diga-se,
é para quebrar, porque nós não adicionámos a nossa assinatura ao documento que
concede a administração ao Senegal. E isso, graças a um dos nossos, professor
que seja, Emile Badiane, de farejar uma enorme intrujice para nos escravizar. A
Casamansa e as suas valentes filhas e filhos não se deixam enganar. Bintou Diallo – Casamansa - Casamance
Sem comentários:
Enviar um comentário