Logística: planos para combater o caos
Com dois
pátios reguladores de caminhões que se destinam ao Porto de Santos, o Polo
Industrial de Cubatão tem sofrido com congestionamentos gigantescos nas
rodovias Anchieta e Cônego Domênico Rangoni nos últimos oito meses,
especialmente em razão do escoamento das safras agrícolas. Como os reflexos dos
congestionamentos chegam ao perímetro urbano, a Prefeitura de Cubatão decidiu
limitar o funcionamento dos pátios reguladores, o que contribuiu para agravar
os problemas, a ponto de a medida ter sido revogada pouco tempo depois.
Obviamente,
tudo isso se dá por imprudência daqueles que têm a responsabilidade de
administrar o Porto e viabilizar obras públicas para a região. Afinal, há pelo menos
uma década o Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp), de Cubatão, vem
alertando para a necessidade de que sejam aplicadas regras para a movimentação
desses veículos, desde a origem das cargas.
Mas só agora
Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) baixou a resolução nº 47 que
determina que as instalações portuárias que utilizam os pátios reguladores
considerem o agendamento, desde a origem, para a entrada desses veículos nesses
estacionamentos. Já a resolução nº 95, também da Codesp, proíbe a chegada ao
Porto de caminhões carregados que não estiverem previamente agendados pelos
terminais portuários. Em tempos de Internet, custa crer que tenha sido
necessário chegar ao caos para que medidas tão óbvias tenham sido
implementadas.
É claro que
só essas medidas não serão suficientes para acabar com o caos nas estradas e
vias de acesso ao Porto. É preciso também que obras em andamento, como a do
novo anel viário que interligará os quilômetros 55 e 57 da Via Anchieta com a
Cônego Domênico Rangoni, sejam concluídas, bem como a duplicação de oito
quilômetros da mesma rodovia desde a Via Anchieta ao Viaduto Cosipão. Sem
contar as obras previstas para os acessos à margem esquerda do Porto em
Guarujá.
Mas não é só.
É necessário também que o governo do Estado viabilize a abertura de outros
pátios reguladores ao longo do Rodoanel. Afinal, não há nenhuma perspectiva de
que as safras de grãos e açúcar venham a ser escoadas por outros portos. E
muito menos que venham a decrescer. Pelo contrário. É claro que ninguém é
contra o crescimento da produção, desde que não prejudique outras atividades
ligadas ao Porto.
Uma
alternativa defendida pela Prefeitura de Cubatão é a implantação de uma rodovia
lateral à atual linha férrea do ramal da Santos-Jundiaí, ligando a área
industrial à zona portuária, sem passar pelo centro urbano. Por fim, a
Secretaria Especial de Portos (SEP) divulgou recentemente estudo para a
utilização do potencial hidroviário da região que prevê a construção de 12
terminais fluviais em áreas com acesso ferroviário.
Naturalmente,
estes planos não trazem muita novidade – desengavetados, alguns até passaram
por nova formatação para atender ao clamor da opinião pública. São soluções a
longo prazo que, por enquanto, só servem para dar visibilidade às autoridades. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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