O
nuclear ali tão longe
A menos de seis meses da entrada em
funcionamento da central nuclear de Taishan, que vai estrear uma nova
tecnologia atómica, os Serviços de Protecção Ambiental dizem que Macau não
precisa de activar medidas de protecção. O território estará a salvo por estar
a mais de 20 quilómetros de distância.
A Direcção dos Serviços de Protecção
Ambiental (DSPA) diz que Macau não precisa de activar medidas de protecção
contra acidentes atómicos por estar a mais de 20 quilómetros das centrais
nucleares instaladas nas cidades vizinhas. A posição é assumida depois de o
projecto para a fábrica de processamento de urânio em Jiangmen ter sido
cancelado e quando faltam menos de seis meses para a centrar nuclear de Taishan
entrar em operações, com uma tecnologia nunca antes utilizada.
Macau tem um plano de contingência para
responder a catástrofes nucleares, que foi revisto em 2011. O programa pretende
garantir que os serviços da Administração tomam “medidas urgentes de modo
eficiente” para “enfrentar os acidentes de fuga nuclear e a poluição por
radiação que possam ocorrer nas regiões vizinhas”, afirma o director da DSAP,
Cheong Sio Kei, em resposta a uma interpelação do ex-deputado Lee Chong Cheng.
Em 2008 como em 2011, o guia para actuação em
caso de acidentes radioactivos estipula que, mesmo nos piores cenários, as
medidas a adoptar pelo Governo serão simples. “Como Macau está distanciado a
mais dos 20 quilómetros previstos das fábricas nucleares instaladas nas regiões
circunvizinhas, não precisará de aplicar medidas de protecção”, defende Cheong
Sio Kei.
Mesmo que aconteça um incidente nuclear de
nível VII (o máximo, na classificação internacional), o território está apenas
preparado para “efectuar a verificação e a descontaminação de visitantes,
materiais e produtos, e instrumentos de transportes oriundos da região” e das
zonas adjacentes ao local do acidente.
Os parâmetros de actuação seguem, indica o
director da DSPA, as normas definidas pela Agência Internacional de Energia
Atómica. O plano de contingência prevê o alerta à população (através da rádio e
televisão) e a distribuição de comprimidos de iodato de potássio, para limitar
a absorção da radiação pela tiróide.
“Que eu saiba, a poluição nuclear pode
infectar uma área bastante alargada, nomeadamente através da radicação nuclear
e das partículas radioactivas”, contrapôs Lee Chong Cheng, na interpelação que
fez ao Governo antes de terminar o mandato e quando o projecto para a primeira
fábrica de produção de combustível nuclear da China previsto para Heshan, na
cidade de Jiangmen, estava na ordem do dia. A obra foi cancelada pelo Governo
de Guangdong ainda em Julho, depois de uma manifestação que levou centenas de
pessoas à rua.
Os activistas antinuclear de Hong Kong também
censuraram o projecto por, conforme recordou Lee, anteciparem um nível de
poluição “muito mais grave” do que os causados por reactores nucleares
eléctricos. “Se a RAEHK ficar afectada, a RAEM não pode estar livre”, insistiu
o então deputado. Macau está a cerca de cem quilómetros de Jiangmen.
Apesar de o projecto para a fábrica de
enriquecimento de urânio em Heshan ter sido cancelado, o Gabinete do
Coordenador de Segurança de Macau continua a “acompanhar a situação com os
serviços competentes do Interior da China”, segundo o director da DSPA.
Também a central nuclear de Taishan, a 68
quilómetros de Macau, tem sido contestada, em Hong Kong e Macau. A
infra-estrutura vai usar tecnologia atómica de terceira geração, de reactores
pressurizados, nunca antes utilizada. A Associação Novo Macau entregou, na
semana passada, uma petição a pedir mais informações sobre o projecto e a
perguntar se existe um plano de emergência nuclear para Taishan.
Em Novembro do ano passado, o grupo de
incidentes nuclear fez um simulacro de acidente atómico na central, mas as
únicas informações avançadas foram as de que o plano de contingência deveria
ser melhorado por falhas de comunicação.
Apesar de manter que num raio inferior a 20
quilómetros de centrais nucleares não se justifica a aplicação de medidas de
protecção, a DSPA diz estar a estudar a criação de um plano de contingência
para acidentes ambientais. Sónia
Nunes – Macau in “Ponto Final”
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