Uma nova pista na Serra do Mar
Apesar
de promessas e até iniciativas que começam a dar maior ênfase aos modais
ferroviário e hidroviário, parece fora de dúvida que o Porto de Santos vai
continuar dependendo do modal rodoviário para suportar a demanda de cargas
prevista para a próxima década – em 2024, a Companhia Docas do Estado de São
Paulo (Codesp) espera ter uma capacidade instalada de 11 milhões de TEUs
(unidade equivalente a um contêiner de 20
pés) contra uma demanda de aproximadamente 9 milhões de TEUs ou 230 milhões de toneladas.
É
o que se conclui da intenção da Codesp de começar a estudar agora, com as
autoridades responsáveis, a construção de uma nova ligação rodoviária entre o
Planalto de São Paulo e o Porto. É uma questão difícil porque não se sabe se a
Serra do Mar suportará uma nova estrada nos moldes da Rodovia dos Imigrantes. E
quais os prejuízos ambientais que podem advir dessa nova obra.
Sem
contar que não se sabe como será possível construir uma nova ponte descendente
que não tenha tanta inclinação como a atual pista Sul da Rodovia dos
Imigrantes, que foi vetada para a descida de caminhões e ônibus, tal a
possibilidade de que esses veículos, impulsionados pelo declive, possam causar
acidentes graves. E não se pode correr o risco de se construir outra pista para
ficar reservada só para os automóveis, ficando os veículos pesados restritos a
velha e decadente Via Anchieta, construída nas décadas de 1940 e 1950.
Enquanto
não se define a inevitabilidade dessa nova rodovia, o que se sabe é que as
atuais obras – cuja conclusão está prevista para 2017 – deverão atender à
demanda estimada para os próximos quatro anos. Entre as obras já realizadas ou
em andamento, estão a implantação da Avenida Perimetral na margem esquerda, a
duplicação de trechos na Rodovia Cônego Domênico Rangoni e a recuperação da Rua
Idalino Pinez, mais conhecida como Rua do Adubo, na margem esquerda, no
Guarujá.
Nos
próximos meses, deverão ter início obras para a reformulação do sistema viário
na entrada de Santos e do Viaduto da Alemoa, além da ampliação da Avenida
Augusto Barata, que será feita pela Brasil Terminal Portuário (BTP). Também
deverão ser iniciadas as obras do Trecho I da Avenida Perimetral da margem direita,
na Alemoa, e do Mergulhão, passagem subterrânea rodoviária que passará entre o
Cais do Saboó e os armazéns do Valongo.
Com
essas obras – que já deveriam ter sido concluídas há pelo menos dez anos – , o
que se espera é que o Porto tenha capacidade para suportar o crescimento
previsto para a sua movimentação até o início da próxima década. Isso significa
que, apesar dos problemas causados pelos congestionamentos nos últimos tempos,
a imagem de que o Porto de Santos é ineficiente e caro não condiz com a realidade,
pois o complexo tem crescido e atraído investidores.
Para
a década de 2020, é provável que seja necessário a construção de uma nova pista
Sul na Rodovia dos Imigrantes, sem tanta inclinação, ficando as duas atuais
pistas só para a subida. Já o destino da Via Anchieta será o mesmo da antiga
Rodovia Caminho do Mar, mais conhecida como Estrada Velha de Santos, hoje
aberta só para visitação turística. Mauro
Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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