Mangokouro, este bairro de Ziguinchor, no
coração do espírito de paz e independência de Dezembro de 1982.
A libertação em duas fases dos sapadores que
estavam detidos, as três mulheres primeiro e finalmente os nove homens, foi um
momento histórico acrescido à grande marcha pela paz e independência de
Dezembro de 1982 munida no sangue pelo exército senegalês.
Na verdade, o surgimento espontâneo de
milhares de casamansenses amantes da liberdade na sede do Movimento das Forças
Democráticas da Casamansa (MFDC) para assistirem em directo ao regresso à
liberdade dos presos, sacudiu o sistema autoritário e colonial imposto pelo
Senegal em Casamansa.
Em Mangokouro, estamos pois no coração do
espírito de Dezembro de 1982. Regressar hoje a esse espírito é um imperativo
face ao completo impasse na qual se encontra actualmente o nosso país, a
Casamansa.
Vendo a sacerdotisa Tellé Diémé rodeada por
centenas de mulheres, Edmond Bora, Abdou Elinkine Diatta, os delegados das
secções, os representantes da juventude independentista e simpatizantes de
todos os lugares da Casamansa, acredita-se que um novo horizonte para a luta democrática
no interior da Casamansa foi desencadeado.
Suportada pela reivindicação identitária,
linguística, cultural e independentista, uma dinâmica sem precedentes
desenvolveu-se sob o impulso dos ramos combatentes e do exterior do MFDC.
Quatro fenómenos indicadores que nos retêm a
atenção:
O primeiro refere-se à súbita auto-organização
dos independentistas através de comités autónomos em ruptura com as estruturas enquadradas
na autoridade e poder senegalês e das suas organizações de massas pela via das
ONG’s e plataformas de mulheres ou outros grupos de estudo e reflexão.
O segundo é a reapropriação do espaço
público. A rua, os edifícios e outras infra-estruturas estão quase arrancadas
para servir daqui em diante a causa da independência.
O terceiro fenómeno é a utilização das novas
tecnologias da comunicação para servir a luta. Os casamansenses mostram todos
os dias um grande talento em formas e meios de expressão na internet. É nesta
mesma dinâmica que todos os casamansenses encontram-se em conformidade com o
activismo.
Enfim, o último fenómeno, o manifesto e
crescente nervosismo do governo senegalês e do seu exército, desprovido de
ideias, instigam-se sempre contra a população civil: o assassínio de Antoine
Robert Sambou, a detenção de 15 civis sem acusação há seis anos, a destruição
dos acantonamentos do MFDC, as barragens de controlo pelos militares, a
impunidade nos assassínios de civis e das vítimas do navio Joola para citar
alguns exemplos e mesmo hoje em dia, a criação de milícias para prender os
casamansenses.
Levaremos esta mensagem de paz do Abade
Diamacoune, inscrita nas costas da t-shirt
de cada detido liberto em Mangokouro:
“Se ele é corajoso para fazer a guerra, muito
mais corajoso será para fazer a paz.”
Para evitar novas tragédias, sim, nós os
casamansenses estamos sempre imbuídos nas nossas reflexões e diligências destes
valores libertadores incorporados pelos fundadores da nação casamansense: Fodé
Kaba Doumbouya, Moussa Molo, Aline Sitoé Diatta, Victor Diatta, Abbé
Diamacoune, etc… Uma situação verdadeiramente e continuamente revolucionária! Bintou Diallo – Casamansa - Casamance
Bandeira da Casamansa |
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