As tentativas institucionais, midiáticas e
mesmo mediante agressões fascistas aos símbolos catalães, não conseguiram
impedir nem ocultar uma esmagadora maioria social voltando a sair hoje às ruas
para reclamar a secessão.
O exercício do direito de autodeterminação,
que a Constituição espanhola ainda nega e que as principais instituições
internacionais sim reconhecem, parece mais próximo da realidade catalã do que
ontem, após a histórica jornada deste Dia Nacional da Catalunha.
A cadeia humana pela independência, que
percorreu a totalidade do país num cordão de quase 500 km, juntou, segundo
algumas fontes, mais de um milhão e meio de catalães e catalãs, no que já é
considerado uma prova de força do povo catalão em apoio ao "divórcio
civilizado" de Espanha. Porém, continuando com o símil matrimonial, o
Estado espanhol parece mais próximo da mentalidade impositiva do machismo
impedindo a rutura pela força. Hoje, um grupo de fascistas atacou a sede da
delegação do governo catalão em Madri ao grito de "Catalunha é
Espanha!", dando mostras de uma inocultável impotência.
Entretanto, os meios de comunicação do regime
espanhol mal conseguem se repor do importante impacto que em todo o mundo já
está tendo a impresssionante mostra de consciência nacional oferecida hoje pelo
povo da Catalunya, mesmo ultrapassando a multitudinária manifestação da
anterior Diada (Dia Nacional), de 2012. Impossível ocultar uma realidade tão
contundente, que se mostra também em todas as consultas demoscópicas realizadas
sobre a vontade de ser do povo catalão: a opção independentista é claramente
maioritária, tal como se plasma, de fato, no Parlamento autônomo do Principat
de Catalunya.
Hoje, mais uma vez, todas as opções do
espectro político catalão que apoiam a independência protagonizaram uma jornada
de êxito. Para além do incontestável sucesso da multitudinária corrente humana
organizada pela suprapartidarista Assembleia Nacional Catalã (ANC), também à
esquerda, a CUP e as restantes forças da esquerda independentista tiveram a sua
maior convocatória em muitos anos, com milhares de pessoas em apoio à sua
palavra de ordem: "Independência, socialismo, feminismo". Da mesma
forma, a social-democrata ERC e mesmo a direitista CiU comemoraram hoje o
clamor independentista, enquanto as forças de obediência espanhola,
nomeadamente o PP e o PSOE, esperavam que o dia acabasse logo.
2014, o
ano do referendo pela independência
A maioria do Parlamento e, sobretudo, a
maioria do povo catalão espera que, apesar da negativa espanhola, no próximo
ano se realize um referendo de autodeterminação no Principat da Catalunya em
que o povo catalão possa solenemente declarar qual será o seu futuro como povo
e, em consequência, a sua decisão seja respeitada.
O Reino de Espanha e as suas instituições
negam redondamente qualquer possibilidade de que a consulta seja feita,
ameaçando inclusive com o uso da força para evitar a liberdade catalã. As
mostras de desespero espanhol são cada vez mais claras e hoje mesmo pudemos ver
como um grupo de ultras espanhóis assaltavam a sede da Generalitat (governo
autônomo catalão) em Madri, com total impunidade devido à ausência de qualquer
proteção policial no local. Gritos contra a Catalunha e pela unidade
obrigatória da Espanha, lançamento de gases lacrimogêneos e destroços foram a
marca dos fascistas na sede da Generalitat na capital espanhola neste 11 de
setembro.
Tudo indica que estamos às portas de uma
derrota histórica do projeto nacional espanhol, que ao longo dos séculos XIX e
XX nom deixou de perder territórios (na América e na África) e que estará
prestes a perder o que tem sido um dos seus motores económicos. A Catalunha do
século XXI quer romper amarras com o Reino de Espanha e conta com uma maioria
social disposta a defender o seu direito à independência.
Outras nações, como a Galiza ou Euskal Herria,
ficam um passo atrás ante o importante ascenso independentista catalão, mas é
possível que a perspetiva de quebra da suposta "indivisibilidade da naçom
espanhola", explicitamente manifestada na atual Constituiçom herdeira do
franquismo, possa abrir novas vias para a liberdade das nações presas desse
cárcere de povos chamado Espanha. Catalunha
In “Diário Liberdade”
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