Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 14 de setembro de 2013

Paísos Cataláns

As tentativas institucionais, midiáticas e mesmo mediante agressões fascistas aos símbolos catalães, não conseguiram impedir nem ocultar uma esmagadora maioria social voltando a sair hoje às ruas para reclamar a secessão.
 
O exercício do direito de autodeterminação, que a Constituição espanhola ainda nega e que as principais instituições internacionais sim reconhecem, parece mais próximo da realidade catalã do que ontem, após a histórica jornada deste Dia Nacional da Catalunha.
 
Foto Albert Garcia
A cadeia humana pela independência, que percorreu a totalidade do país num cordão de quase 500 km, juntou, segundo algumas fontes, mais de um milhão e meio de catalães e catalãs, no que já é considerado uma prova de força do povo catalão em apoio ao "divórcio civilizado" de Espanha. Porém, continuando com o símil matrimonial, o Estado espanhol parece mais próximo da mentalidade impositiva do machismo impedindo a rutura pela força. Hoje, um grupo de fascistas atacou a sede da delegação do governo catalão em Madri ao grito de "Catalunha é Espanha!", dando mostras de uma inocultável impotência.
 
Entretanto, os meios de comunicação do regime espanhol mal conseguem se repor do importante impacto que em todo o mundo já está tendo a impresssionante mostra de consciência nacional oferecida hoje pelo povo da Catalunya, mesmo ultrapassando a multitudinária manifestação da anterior Diada (Dia Nacional), de 2012. Impossível ocultar uma realidade tão contundente, que se mostra também em todas as consultas demoscópicas realizadas sobre a vontade de ser do povo catalão: a opção independentista é claramente maioritária, tal como se plasma, de fato, no Parlamento autônomo do Principat de Catalunya.
 
Hoje, mais uma vez, todas as opções do espectro político catalão que apoiam a independência protagonizaram uma jornada de êxito. Para além do incontestável sucesso da multitudinária corrente humana organizada pela suprapartidarista Assembleia Nacional Catalã (ANC), também à esquerda, a CUP e as restantes forças da esquerda independentista tiveram a sua maior convocatória em muitos anos, com milhares de pessoas em apoio à sua palavra de ordem: "Independência, socialismo, feminismo". Da mesma forma, a social-democrata ERC e mesmo a direitista CiU comemoraram hoje o clamor independentista, enquanto as forças de obediência espanhola, nomeadamente o PP e o PSOE, esperavam que o dia acabasse logo.
 
2014, o ano do referendo pela independência
 
A maioria do Parlamento e, sobretudo, a maioria do povo catalão espera que, apesar da negativa espanhola, no próximo ano se realize um referendo de autodeterminação no Principat da Catalunya em que o povo catalão possa solenemente declarar qual será o seu futuro como povo e, em consequência, a sua decisão seja respeitada.
 
O Reino de Espanha e as suas instituições negam redondamente qualquer possibilidade de que a consulta seja feita, ameaçando inclusive com o uso da força para evitar a liberdade catalã. As mostras de desespero espanhol são cada vez mais claras e hoje mesmo pudemos ver como um grupo de ultras espanhóis assaltavam a sede da Generalitat (governo autônomo catalão) em Madri, com total impunidade devido à ausência de qualquer proteção policial no local. Gritos contra a Catalunha e pela unidade obrigatória da Espanha, lançamento de gases lacrimogêneos e destroços foram a marca dos fascistas na sede da Generalitat na capital espanhola neste 11 de setembro.
 
Foto Albert Garcia
Tudo indica que estamos às portas de uma derrota histórica do projeto nacional espanhol, que ao longo dos séculos XIX e XX nom deixou de perder territórios (na América e na África) e que estará prestes a perder o que tem sido um dos seus motores económicos. A Catalunha do século XXI quer romper amarras com o Reino de Espanha e conta com uma maioria social disposta a defender o seu direito à independência.
 
Outras nações, como a Galiza ou Euskal Herria, ficam um passo atrás ante o importante ascenso independentista catalão, mas é possível que a perspetiva de quebra da suposta "indivisibilidade da naçom espanhola", explicitamente manifestada na atual Constituiçom herdeira do franquismo, possa abrir novas vias para a liberdade das nações presas desse cárcere de povos chamado Espanha. Catalunha In “Diário Liberdade”


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