O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) disse à Lusa esperar que o novo Governo possa promover mais voos directos com a China. “Veremos se, quando recuperarmos a estabilidade política em Portugal, haverá espaço e tempo para se começarem a desenvolver mais ligações aéreas [com a China]”, disse Pedro Costa Ferreira.
Portugal vai a eleições legislativas antecipadas a 18 de Maio, na sequência da crise política que levou à demissão do Governo PSD/CDS-PP, liderado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Pedro Costa Ferreira disse não ter dúvidas de que voos directos entre Portugal e a China “serão sempre um êxito” e que o actual problema “não será nunca económico”. “É a questão de encontrar um espaço no aeroporto e os [operadores] interessados em voar. (…) Será eventualmente [um problema] logístico e esperamos que possa ser resolvido”, acrescentou.
Actualmente existe apenas uma ligação directa entre a China e Portugal, com uma frequência de quatro voos por semana de Lisboa, com destino a Hangzhou, a capital da província de Zhejiang, uma das mais prósperas da China. “Estamos muito longe daquilo que queremos e longe daquilo que são, naturalmente, as ambições dos dois lados”, disse o presidente da APAVT.
Também o líder do bloco europeu de agências e operadores turísticos, Eric Drésin, disse à Lusa que a falta de voos para a China é o principal desafio para atrair mais visitantes da Europa. “O problema principal (…) é a conectividade. Voar é caro”, lamentou o secretário-geral da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos (ECTAA, na sigla em inglês).
“As companhias aéreas europeias não conseguem chegar à China sobrevoando a Rússia por causa da guerra na Ucrânia, pelo que reduziram o número de voos para a China continental”, recordou Drésin.
A União Europeia fechou o espaço aéreo aos aviões russos após a invasão da Ucrânia, e Moscovo retaliou com proibições semelhantes, tornando mais longas e dispendiosas as ligações entre a Ásia e a Europa.
“Assim, dependemos muito de companhias aéreas não europeias para trazer viajantes” até ao continente asiático, explicou Drésin, incluindo empresas de Singapura, Japão e Coreia do Sul.
No caso da China, “não é muito comum os viajantes europeus viajarem com companhias aéreas chinesas. Precisam de estabelecer melhor a sua marca na Europa”, referiu o francês. As companhias aéreas chinesas ainda estão a retomar as rotas que ligavam a China ao resto do mundo antes da pandemia de covid-19, depois do país asiático ter limitado o tráfego aéreo internacional a menos de 2% do existente em 2019.
Drésin, que falava durante o primeiro dia da 13ª Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau, disse ainda que o número de europeus a visitar os EUA deverá continuar a cair, sobretudo devido a Donald Trump.
Cônsul de Portugal critica falta de rotas directas com Portugal
O Cônsul-Geral de Portugal em Macau lamentou que a única ligação aérea directa de carga entre Macau e a Europa se faça não para Lisboa ou para o Porto, mas sim para Madrid. “Há dias escrevi [uma carta] para Lisboa, muito irritado, quando a Etiópia Airlines inaugurou o seu voo de carga triangular Adis Abeba-Madrid-Macau e com isso criou a primeira ligação directa de Macau para a Europa”, afirmou Alexandre Leitão na Expo Internacional de Turismo, citado pelo Diário de Notícias. Segundo disse, tem vindo a insistir com as autoridades portuguesas que essa ligação poderia ser feita por uma companhia portuguesa, com um aeroporto nacional como plataforma europeia. “Venho insistindo nisso há dois anos, por isso não me convencem que não é viável”, afirmou, lembrando que em Macau vivem 153 mil portugueses, inseridos numa região que num raio de 200 quilómetros tem dois pólos urbanos como Shenzen e Cantão, além de Hong Kong. Os voos da Etiópia Airlines, explicou, vão trazer 20 000 toneladas por ano de carga “através de um voo puramente comercial”. “Expliquem-me lá porque é que Lisboa não é placa atlântica e também europeia, além de ser lusófona para mercados como o Brasil, que são servidos como nenhum outro? Ou o Porto? E porque é que as capitais africanas, lusófonas, não são também instrumentos, plataformas de distribuição das mercadorias e serviços para outros países em África que querem vir para cá?”, criticou. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”
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