O
conselheiro de política externa do Governo chinês Lv Fengding manifestou-se
favorável à inclusão do porto de Sines, na costa ocidental de Portugal, na rota
marítima da seda do século XXI proposta pela China. "Portugal é um dos
terminais da rota marítima da seda e o porto de Sines é importante para a
ligação da China com a Europa e a África", disse Le Fengding, em Lisboa,
onde se deslocou esta semana para apresentar a iniciativa "Uma Faixa e Uma
Rota".
Com esta iniciativa, divulgada
em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, Pequim propõe um plano de
infraestruturas que pretende reativar a antiga Rota da Seda entre a China e a
Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.
Este plano, que inclui a
construção de uma malha ferroviária de alta velocidade entre a China e a Europa,
vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas, cerca de 60% da população
mundial, segundo Pequim.
Lev Fengding disse que a
iniciativa já suscitou o interesse de mais de setenta países e organizações
internacionais e que "mais de trinta países assinaram acordos de
cooperação relevantes com a China".
Assinalou também a
constituição, em 2014, do Fundo Rota da Seda, de 40 mil milhões de dólares
(35,3 mil milhões de euros).
“Esta é uma visão da China,
feita para o bem de todos. Queremos que beneficie cada país e cada parceiro”,
disse Lev Fengding à Lusa.
Em Portugal, Lev Fengding
visitou o porto de águas profundas de Sines, a sul de Lisboa, e proferiu uma
conferência na sede da EDP – Energias de Portugal, que tem como maior acionista
a empresa estatal chinesa de energia China Three Gorges Corporation (21,35% do
capital).
Desde 2012, a China injetou
mais de oito mil milhões de euros em Portugal, que é o quinto destino do
investimento chinês na Europa, salientou Lv Fengding.
“Portugal já é parte da
iniciativa. Será fácil as empresas chinesas e portuguesas trabalharem em
conjunto nos vários campos, incluindo em projetos de infraestruturas, na
cooperação financeira e em parceria com empresas de outros países de língua
portuguesa”, disse.
O diplomata chinês recordou
que “Portugal foi um importante destino final da antiga Rota da Seda e
desempenhou um papel importante na ligação entre a Ásia e a Europa”.
Referiu também que Portugal e
a China têm uma longa experiência de cooperação e resolveram “com sucesso a
questão de Macau, dando um bom exemplo ao mundo”.
Macau tornou-se uma Região
Administrativa Especial da China em 20 de dezembro de 1999, segundo o princípio
“um país, dois sistemas”, que permite ao território manter as suas
características próprias até 2049.
Em outubro de 2003, a China
criou o Fórum Macau para coordenar a sua cooperação com os países de língua
oficial portuguesa.
“Estamos abertos a discutir
todas as formas de trabalharmos em conjunto nesta iniciativa”, afirmou Lv
Fengding.
O conselheiro do Governo
chinês disse que “tudo está a decorrer sem problemas, incluindo conversações
bilaterais entre a China e Portugal e entre as empresas dos dois lados”.
Lv Fengding agradeceu o
“esforço do Governo português em integrar” o Banco Asiático de Investimento em
Infraestruturas (BAII), a funcionar desde janeiro deste ano por iniciativa
chinesa, no qual Portugal tem uma participação de cerca de 13 milhões de
dólares (11,5 milhões de euros).
“Esta decisão constitui um
grande apoio à ideia chinesa de criar esta iniciativa e a vontade de trabalhar
em conjunto”, comentou.
O BAII tem a China como maior
acionista (29,78% do capital) e entre os 57 países fundadores estão 14 da União
Europeia, incluindo Alemanha, França e Reino Unido, além de Portugal.
O Brasil é o nono maior
acionista do BAII, com uma quota de 3.181 milhões de dólares (2.813 milhões de
euros).
Às críticas de que Pequim
pretende dominar a economia global com as suas iniciativas, Lv Fengding lembrou
que a China continua a ter a “grande tarefa” de desenvolver a sua própria
economia para retirar da pobreza cerca de 100 milhões de pessoas.
“Nos últimos 30 anos ou mais,
a China desenvolveu-se muito bem e achamos que o mundo deve beneficiar do
resultado desse desenvolvimento da China. Da mesma forma, se os outros tiverem
um bom desenvolvimento, podemos beneficiar. (…) O sucesso de uns pode ser o
sucesso dos outros”, acrescentou. In “Sapo24” - Portugal
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