Projeto
de Emanuel Oliveira, estudante do Mestrado em Engenharia e Design de Produto
Inspirado nas estruturas
naturais, o E01 é um microcarro que de pequeno tem apenas as dimensões.
Desenhado na Universidade de Aveiro (UA) para fazer concorrência aos carros
elétricos e valorizar a perceção dos microcarros, o exterior do E01, tal como
os crustáceos, é constituído por partes que formam um elemento único, que é ao
mesmo tempo a carroçaria e o chassi que envolve e sustenta todo o interior do
veículo.
Com capacidade para quatro pessoas
e preparado para ser produzido com o mínimo de material possível para o máximo
de rigidez estrutural, o carro foi desenhado por Emanuel Oliveira, o estudante
de design do Departamento de
Comunicação e Arte (DeCA) da UA (orientado pelos docentes Paulo Bago de Uva, do
DeCA, e João Oliveira, do Departamento de Engenharia Mecânica) que quer trazer
rapidamente o futuro para as estradas das cidades portuguesas. Assim da
indústria nacional surja uma mão para segurar este volante.
Resultado da tese de mestrado
em Engenharia e Design de Produto, um trabalho que valeu a Emanuel Oliveira um
19, a grande novidade do E01 passa pela aposta na inovação estrutural do
veículo. Nos métodos aplicados atualmente pela indústria automóvel, aponta o
estudante, “a componente estrutural encontra-se absorvida por elementos que a
disfarçam ou a ocultam e cuja complexidade de montagem se reflete nos custos de
produção”. Conjuntamente a isto, fruto da análise da evolução histórica desta
tipologia de veículos e do mundo envolvente, são facilmente detectados alguns
indícios de mudança na forma de se conceberem as estruturas, como por exemplo
nas obras arquitetónicas de Zaha Hadid, ou nos produtos desenvolvidos por Ross
Lovegrouve.
Contrariar
a tendência
Com quase 2,5 metros de comprimento
por 1,60 de altura, o E01 contraria a tendência dos carros com estas dimensões
que o mercado já tem à disposição e que são pautados, na generalidade, por
formas bastante regulares e retilíneas. Deste modo, e no seguimento de algumas
abordagens que começam a surgir sobretudo na arquitetura, a inspiração nas
soluções apresentadas por elementos naturais no E01, apelidadas de Biodesign,
resulta num veículo onde a estrutura assume um papel preponderante na
morfologia final, ou seja, aquilo que é conhecido como chassis passa a fazer
parte da ‘casca’ que o compõem, estando exposto.
O microcarro desenhado na UA
apresenta assim uma grande versatilidade de uso pouco recorrente atualmente no
mercado, em veículos com as mesmas dimensões. “Desde a possibilidade de
transportar quatro pessoas ao rebatimento dos bancos traseiros, permitindo o
aumento do espaço destinado ao acondicionamento de carga, todos os aspetos
foram pensados para se criar um veículo de caráter utilitário urbano para
utilizações em curtas e médias distâncias”, esclarece Emanuel Oliveira.
“Em termos estéticos, a
proposta revela-se diferenciada da concorrência dada a sua simplicidade formal,
a sensação de segurança e as amplas superfícies vidradas, que modificam por
completo não só o aspeto, como ainda o ambiente no interior do veículo”,
garante Emanuel Oliveira.
Com abertura em sistema de
‘tesoura’ das duas portas laterais, o desenho final do E01 resultou num veículo
onde os painéis do guarda-lamas frontais e traseiros, capô e portas provocam uma
sensação de flutuação, criando um dinamismo que Emanuel Oliveira diz não se
encontrar nos possíveis concorrentes de mercado. Dotado de grandes áreas
transparentes, que permitem não só a passagem de luz exterior para o habitáculo
como a aplicação de painéis fotovoltaicos que aumentem a autonomia do próprio
veículo, o E01 permite ainda o rebatimento dos bancos traseiros aumentando com
isso a capacidade da bagageira.
Com
os olhos postos na indústria
“A concorrência neste segmento
de mercado é forte, dado que existem propostas como o Smart Fortwo, o Renault
Twizy e os próprios microcarros, mais informalmente conhecidos como
papa-reformas”, aponta o jovem designer
formado na UA. No entanto, garante, “todos apresentam falhas, ora pelo elevado
preço, ora por razões de segurança e versatilidade de uso, ou até mesmo
questões estéticas, sendo também estes alguns dos pontos onde se encontraram as
oportunidades” para o desenvolvimento do projeto do E01.
Em termos de motorização a
proposta segue a tendência efervescente dos veículos de uso citadino em
comercialização. O E01 está pensado para recorrer a um motor elétrico, onde a
potência é transmitida às rodas traseiras, como o posicionamento das baterias
no chão do veículo, melhorando desta forma a o seu desempenho, performance e
comportamento em utilização.
E terá o carro ‘rodas’ para
circular diretamente para a produção? “Um dos objetivos a longo prazo desta
investigação era precisamente a viabilização da mesma”, diz Emanuel Oliveira
apontando que para tal, em Portugal não faltam os muitos clusters tecnológicos dedicados, entre outros aspetos
automobilísticos, à produção de componentes para veículos, e que podem
convergir para a produção do veículo.
“Obviamente que no caso do
nosso país se querer afirmar nesta indústria altamente competitiva, terá de
potenciar a investigação e o desenvolvimento técnico e tecnológico para se
colocar um passo á frente”, aponta. Portanto, “será necessário investimento
financeiro, sendo que o know how está
assegurado não só por esta investigação, bem como por outras de diversas áreas
dentro deste tema, e ainda pelos profissionais que integram esta indústria,
pretendendo esta investigação dar algum contributo adicional”. In “Universidade
de Aveiro” - Portugal
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