No mês em que completa 80
anos de fundação, o IBGE homenageia seu idealizador Mário Augusto Teixeira de
Freitas (1890/1956), com o lançamento do livro “Teixeira de Freitas e a criação do IBGE. Correspondência de um homem
singular e plural”, do pesquisador Nelson Senra, que reúne 400 cartas
trocadas entre Teixeira de Freitas e personalidades da sua época, além de
documentos, que mostram como o estatístico concebeu e teve êxito em criar um
órgão nacional de estatística e geografia em um país de dimensões continentais
como o Brasil.
Trata-se de um importante
registro histórico das ideias e ideais do fundador do IBGE a respeito da
economia e sociedade, política, educação, saúde e religião. Para produzir o
livro, o pesquisador e professor no IBGE debruçou-se sobre mais de sete mil documentos
que compõem o Fundo Documental Teixeira de Freitas, do Arquivo Nacional. As
cartas e textos selecionados estão organizados em quatro partes: Diálogo com
estatistas; Diálogo com estadistas; Diálogo com educadores e A reconstrução
brasileira. A versão impressa da publicação apresenta 100 cartas e textos na
íntegra e o conjunto completo de cartas está disponível no DVD que a acompanha.
O livro foi lançado ontem
(30/05/2016), no Auditório do Centro de Documentação e Disseminação do IBGE,
com a presença da presidente do IBGE, Wasmália Bivar. A publicação, de 536
páginas, poderá ser adquirida na Loja virtual do IBGE, por R$ 70,00. Também
estará disponível, para download gratuito, a partir do lançamento, na Biblioteca.
A partir das cartas enviadas
por Teixeira de Freitas a políticos, administradores públicos e expoentes do
pensamento brasileiro à época, e outros documentos, é possível conhecer sobre
sua personalidade, suas ideias e esforços para conceber e criar o IBGE. Na
primeira parte - Diálogo com estatistas - há seis seções focando a atividade
estatística, incluindo a fundação do IBGE. A segunda parte – Diálogo com estadistas
– tem duas seções. Na primeira, Teixeira de Freitas é Delegado Censitário, em
Minas Gerais, onde organiza o Censo de 1920. Em Minas, ganha o apoio e o apreço
de políticos como Artur Bernardes, Benedito Valadares, Juscelino Kubitschek e
Hildebrando Clark.
Na segunda seção, já de
volta de Minas Gerais, Teixeira de Freitas é chamado para criar e dirigir uma
repartição de estatística no recém-criado Ministério da Educação e Saúde
Pública, onde dialoga com Gustavo Capanema e Carlos Drummond de Andrade, respectivamente
ministro da Educação e chefe de gabinete.
Na terceira parte – Diálogo
com educadores - há quatro seções, trazendo o diálogo de Teixeira de Freitas
com nomes como o dos educadores Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, o
educador Lourenço Filho e Sud Mennucci. Na quarta e última parte há seis
seções, cada qual com uma das ideias ou ideais de Teixeira de Freitas. Os temas
são o plano nacional, que, de certa forma, aborda todos os demais temas, e que
também se chegou a chamar de “Ideário Cívico do IBGE”. Seguem a questão da
redivisão territorial, a mudança da capital federal e o problema municipal que,
de certa forma, compõem uma totalidade, embora nem sempre ele os tratasse em
conjunto. E há as lutas pela construção do planetário na capital federal e pela
adoção do esperanto como língua geral. Por fim, há suas reflexões religiosas,
algo que permeava sua vida, o tempo todo, fazendo-o ousar uma leitura da
atividade estatística em linguagem religiosa.
O livro termina com uma
biobibliografia de Teixeira de Freitas, em especial do que há disponível nas
revistas editadas pelo IBGE – Revista Brasileira de Estatística, Revista
Brasileira de Geografia, e as não mais existentes Revista Brasileira dos
Municípios, Boletim de Estatística, Boletim de Geografia – e existentes no seu
acervo na Biblioteca.
Teixeira
de Freitas concebeu o IBGE a partir da cooperação interadministrativa
Mário
Augusto Teixeira de Freitas nasceu em São Francisco do Conde,
Bahia, em 31 de março de 1890. Ingressou, em 1908, na Diretoria Geral de
Estatística do Ministério da Agricultura, Viação e Obras Públicas, onde
promoveu numerosas pesquisas estatísticas, até então inéditas no país. Em 1920,
foi nomeado Delegado Geral do Recenseamento em Minas Gerais e sua notável
atuação nesse cargo levou o governo mineiro a convidá-lo para reformar a
organização estatística estadual. Na década de 30, transferiu-se para o Rio de
Janeiro para colaborar na organização do Ministério da Educação e Saúde
Pública, no qual passou a dirigir a Diretoria de Informações, Estatística e
Divulgação.
Baseado em seu plano de
cooperação interadministrativa entre as três esferas governamentais - federal,
estadual e municipal -, foi criado em 1934 e instalado em 1936 o Instituto
Nacional de Estatística, que, a partir de 1938, passa a denominar-se Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, pela associação nas mesmas bases de
cooperação interadministrativa, do sistema de atividades geográficas. Em carta
ao educador Fernando de Azevedo, em 29 de abril de 1952, Teixeira de Freitas,
dá a dimensão do esforço de criar um órgão nacional de estatística e
cartografia: “O Instituto [IBGE] é tudo que – através de um labor continuado
por mais de quarenta anos e ao qual dei tudo que podia dar como idealismo e
sacrifício – a minha pobre vida deixou de si. É tudo quanto fiz de sentido
construtivo.” Faleceu em 1956, no Rio de Janeiro. Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia
Interessante não sabia que foi ele o criador do IBGE. Merece divulgado seu trabalho. Parabéns ao blogue.
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