O grupo estatal financeiro
português Caixa Geral de Depósitos (GCD) está-se a posicionar para, a partir de
Macau, onde tem uma presença relevante através do BNU, funcionar como um
facilitador de negócios entre a China e os países de língua portuguesa, disse à
Macauhub Alberto Soares, “Chief China Officer” do grupo.
Tendo em atenção o papel já
desempenhado e a desempenhar por Macau no que se refere ao relacionamento entre
a China e os países de língua portuguesa, a Caixa Geral de Depósitos decidiu
afectar um quadro superior, para, em colaboração com o BNU, prestar apoio às
empresas portuguesas e às dos países de língua portuguesa que pretendam ter
relações comerciais com a China, bem como às empresas chinesas que pretendam
estabelecer relações de negócio com aqueles países.
Alberto Soares, responsável
por concretizar este plano da Caixa Geral de Depósitos, disse à Macauhub que a
ideia subjacente a esta decisão está relacionada com o esforço que o grupo
estatal português tem estado a efectuar há já alguns anos e que passa “pela
maximização do potencial da rede internacional do grupo.”
A CGD dispõe para este
negócio de uma posição única à escala mundial que é o facto de ser a única
instituição bancária presente em sete dos oito países de língua portuguesa –
Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste
– sendo a única excepção a esta realidade a Guiné-Bissau.
Em Angola o grupo está
presente através do Banco Caixa Geral Angola, no Brasil dispõe do Banco Caixa
Geral Brasil, em Cabo Verde controla dois bancos, Comercial do Atlântico e
Interatlântico, em Moçambique está no mercado através do Banco Comercial e de
Investimentos, em São Tomé e Príncipe detém o Banco Internacional de São Tomé e
Príncipe e em Timor-Leste existe o BNU Timor.
Além da presença em sete dos
oito países de língua portuguesa, a Caixa Geral de Depósitos assume-se como
líder de mercado em cinco deles – Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe,
Moçambique e Timor-Leste – sendo que no caso de Moçambique assumiu recentemente
essa liderança, em termos de activos totais, depois de ter destronado o Banco
Millennium Moçambique, do grupo Banco Comercial Português.
O grupo detém em Portugal
721 agências, 4 milhões de clientes, mais de um terço da população portuguesa,
um activo total superior a 100 mil milhões de euros e uma quota de depósitos de
28% e de concessão de crédito de 22%, assumindo-se como a principal instituição
bancária do país.
Em Macau, o grupo CGD está
presente com o BNU para a banca universal, instituição que funciona em conjunto
com o Banco da China como um dos dois bancos emissores do território, que
dispõe de 18 agências, mais de 200 mil clientes ou um terço da população e tem
activos totais que excedem 7,5 mil milhões de euros.
E é precisamente em Macau
que se concentram os esforços no sentido de estabelecer uma ponte entre a China
e os países de língua portuguesa e vice-versa aproveitando o peso e a
importância do BNU e, nomeadamente, o protocolo de cooperação que este banco
assinou com o Banco da China Macau.
O “Chief China Officer”
referiu-se a Macau como sendo “uma operação muito importante”, onde estão
actualmente concentrados os esforços do grupo CGD no sentido de aprofundar o
relacionamento entre a China e os países de língua portuguesa por duas ordens
de razões – a implantação local do BNU – e, mais importante, o facto de o
governo central da China ter decidido fazer do território uma plataforma para o
estabelecimento de relações comerciais e económicas com esses países.
“Não posso revelar os nomes
das empresas mas posso garantir que tem havido bons resultados práticos em
ambos os sentidos”, disse Soares, salientando o bom entendimento e cooperação
que tem existido com o Instituto de Promoção do Investimento e do Comércio de
Macau (IPIM).
Em termos práticos, a partir
de uma rede de departamentos internacionais, um cliente do BNU ou de qualquer
outro banco do grupo pode contar com o apoio em qualquer um dos países onde a
CGD está presente, em termos financeiros, de informação, de acesso a mercados,
de “matchmaking.”
“Tem havido apoio directo a
operações em todos os países de língua portuguesa, nomeadamente de empresas
chinesas que se têm aproximado devido ao protocolo de cooperação que o BNU tem
com o Banco da China”, disse ainda o “Chief China Officer” do grupo CGD e
administrador não-executivo do BNU.
Ainda neste âmbito, Alberto
Soares revelou à agência Macauhub estar a ser ultimado, ao abrigo do protocolo
de cooperação com o Banco da China, um mecanismo que permita a utilização, por
toda a rede internacional do grupo, da moeda chinesa – o renminbi – nas
transacções comerciais e nos demais negócios entre a China e os países de
língua portuguesa.
Pedro Cardoso, presidente da
Comissão Executiva do BNU, declarou recentemente que os negócios da instituição
com os países de língua portuguesa cresceram 153% em 2015 tendo, no caso
específico de clientes apenas de Portugal, registado um crescimento de 395%.
Pedro Cardoso garantiu ainda
haver um grande espaço de crescimento neste tipo de relacionamento, embora no
passado recente se tenha assistido a uma contracção significativa do
relacionamento comercial entre a China e os países de língua portuguesa. In “Macauhub”
- Macau
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