Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 21 de maio de 2016

Brasil - Festival de Música e da Mostra de Poesia da Reforma Agrária

Estão abertas as inscrições do Festival de Música e da Mostra de Poesia da Reforma Agrária. Serão selecionados 60 poemas para integrar um livro, os quais serão recitados durante o Festival Nacional. Já o Festival de Música selecionará 40 canções inéditas, que serão apresentadas no evento.



“Pátria Amada do Brasil,
De quem és mãe gentil?
Eu insisto em perguntar:
Dos famintos das favelas,
Ou dos que desviam verbas
Pra champagne e caviar?”
(Procissão de Retirantes, de Pedro Munhoz)

Assim questionava a canção “Procissão dos Retirantes”, vencedora do 1º Festival da Reforma Agrária, realizado pelo MST em 1999, em Palmeira das Missões (RS). Dezessete anos depois, o movimento decide lançar o Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária, de 20 a 24 de julho de 2016, em Belo Horizonte.

Dentre as atrações, estão o segundo Festival de Música “Da luta brotam vozes de liberdade” e a primeira Mostra de Poesias, com o tema “Versando a Luta”. Ambos com inscrições abertas para integrantes do movimento, amigos e artistas profissionais, até o dia 17 de junho.

A decisão de ampliar o festival decorre das discussões do Coletivo Nacional de Cultura junto ao MST, compreendendo que o cultivo da vida, da resistência e da luta pela terra fez brotar manifestações artísticas das mais variadas linguagens.

Dentre elas, a poesia se destaca. Segundo Luana Silva, militante do Coletivo Nacional de Cultura, “não há um rincão deste país, um assentamento ou acampamento, em que não se produzam poemas, em que a palavra não seja utilizada em versos como barricadas”.

Ela ressalta que os poemas são, junto com as músicas, parte das místicas e do dia a dia da organização. “Na rotina de reuniões diárias dentro do movimento, as poesias são tão comuns como o café na mesa dos mineiros. Elas abrem e fecham discussões, animam nossa ação, denunciam e criticam momentos, processos, recontam a história... Por isso, essa prática precisa ser valorizada”, explica Luana.

Da Mostra, serão selecionados 60 poemas para integrar um livro, os quais serão recitados durante o Festival Nacional. Já o Festival de Música selecionará 40 canções inéditas, que serão apresentadas no Festival. Desta, 20 farão parte de um CD e um DVD, que será gravado durante as apresentações na capital de Minas Gerais.

Segundo o regulamento, para se inscrever é preciso apenas que as poesias e canções tenham relação com a realidade do movimento e temas da atualidade, como a reforma agrária, a democracia, a produção, a violência no campo e a busca por justiça. E como já disse o poeta:

“Há momentos na história
Em que todas as vitórias
Parecem fugir da gente
Mas vence quem não desanima
E busca em sua auto-estima
A força pra ser persistente

Regando o deserto da consciência
Um novo ser nasceu,
É hora de ir em frente companheira e companheiro
Vocês são os guerrilheiros
Que a história nos deu.”

Confira o Especial do Festival clicando aqui

Festival Nacional

O Festival Nacional será um grande convite à sociedade para conhecer de perto o movimento. O evento surge da necessidade de popularizar a pauta da Reforma Agrária, para que as cidades entendam a importância da democratização das terras na produção de alimentos saudáveis, além de contrapor a difamação que a mídia pratica sobre o MST e o ódio que se alastra como epidemia na atual conjuntura.

Serão atrações variadas, como a instalação de um acampamento de lona preta para visitação no centro de Belo Horizonte, a mostra de vídeos e artes plásticas, debates, shows e personalidades convidadas nacionais e internacionais.

A Feira da Reforma Agrária trará mais de 200 toneladas de produtos das áreas do movimento, tanto “in natura”, quanto agroindustrializados. A Feira Gastronômica terá os pratos típicos de todas as regiões brasileiras, como pato no tucupi, bode assado, arroz com pequi, churrasco, o tradicional tropeiro mineiro, entre outros.

Assim, os participantes terão oportunidade de vivenciar a cultura da luta pela terra e toda riqueza cultivada no campo brasileiro. “Não queremos que seja um festival do MST, queremos que seja um festival dos povos deste país”, afirmou Ênio Bohnenberger, da Coordenação Nacional. Geanini Hackbardt – Brasil in Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra”

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