Os
magistrados portugueses que desempenhem em funções em Macau só poderão fazê-lo
por um período máximo de oito anos e terão de se candidatar para o efeito,
sendo escolhidos pela RAEM. Joana Marques Vidal chegou ontem a acordo com o MP
– todos os magistrados serão substituídos e os números dos que para cá vêm
podem variar
A vinda da procuradora-geral
da República portuguesa a Macau resultou num acordo sobre o trabalho de
magistrados portugueses na RAEM. Estes vão continuar a vir para o território
mas com regras mais definidas: serão nomeados por uma comissão de quatro anos,
a qual só será renovada uma vez. Ficam no máximo oito anos e, findo esse
período, Portugal irá substituir esse magistrado, caso Macau assim o pretenda.
Para virem para Macau os
magistrados terão ainda de se candidatar, sendo posteriormente escolhidos pelo
Ministério Público (MP) da RAEM com base nos seus currículos.
Segundo Joana Marques Vidal,
Procuradora-geral portuguesa, são precisas estas regras mais claras para a
vinda destes profissionais, já que o Conselho Superior do MP em Portugal já era
responsável por autorizar as comissões de serviço.
“Muda a forma de critério para
o recrutamento, pois não estava nada definido. Fica mais claro o tempo limite
adequado para a permanência do magistrado e há um procedimento mais
transparente”, explicou Joana Marques Vidal em conferência de imprensa à margem
do encontro com o Conselho de Magistrados e todos os magistrados da RAEM,
ontem.
NÚMEROS
NÃO DEFINIDOS
Apesar de garantir que é
importante continuar a manter a cooperação já existente, Joana Marques Vidal
garantiu que não foi definido um número de magistrados que virão para Macau.
“Não foi estipulado um número porque neste momento não temos muitos quadros [no
MP em Portugal], mas nos próximos três ou quatro anos poderemos ter mais
quadros, o que nos vai permitir ponderarmos a possibilidade de virem mais ou
menos magistrados. Temos circunstâncias de funcionamento que não são as mais
fáceis. Esse número vai variar de época para época, até de mês para mês. Vai
ser analisado caso a caso”, disse.
ESTÁGIOS
EM LISBOA
A formação foi outro dos
assuntos abordados na reunião de ontem. “Há um interesse por parte do MP e
disponibilidade por parte do MP português em permitir que os seus magistrados
possam ir fazer acções de formação [em Lisboa]. Há também a possibilidade para
o MP em Portugal receber por períodos a definir estágios de natureza mais
prática”, frisou.
Joana Marques Vidal considerou
que a “cooperação é importante para a manutenção dos princípios fundamentais do
sistema jurídico e que são respeitados pela República Portuguesa e pela RAEM”.
Por definir está ainda a
situação dos três magistrados portugueses depois da saída de Vítor Coelho,
conforme noticiou o HM, exigida por Portugal. Um dos magistrados aguarda que o
MP em Portugal decida a sua permanência ou saída da RAEM, enquanto que dois
magistrados estão com uma licença sem vencimento.
Ip Son Sang, procurador-geral
do MP em Macau, garantiu que foi “respeitado o acordo com o Conselho Superior
do MP em Portugal, ambas as partes tiveram um bom entendimento”. Ip Son Sang
não quis avançar o número de magistrados que poderão chegar de Portugal, nem se
os mesmos poderão chegar este ano. “Tudo vai depender da situação concreta”,
frisou.
Combate
ao branqueamento de capitais
Joana Marques Vidal garantiu
que irá continuar a cooperação ao nível do combate à corrupção e do
branqueamento de capitais. “Foi abordada essa questão de forma genérica, tendo
sido considerado que da parte do MP em Portugal há toda a disponibilidade para
essa cooperação e para o seu aprofundamento, através da formação.”
Reunião
com Chui Sai On
A visita da comitiva do MP de
Portugal a Macau incluiu um encontro com o Chefe do Executivo, tendo este referido
que os “magistrados da República Portuguesa que servem em Macau têm obtido o
reconhecimento e maior respeito por parte da população”, sendo que o novo
acordo “representará um importante factor para os dois territórios”. Já a
Procuradora-geral da República garantiu que Portugal vai “continuar a assumir o
compromisso, destacando magistrados portugueses para trabalhar em Macau”. Andreia Silva - Macau In “Hojemacau”
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