O Instituto Politécnico
pretende aprofundar ainda mais o seu papel na plataforma de Macau entre a China
e os Países Lusófonos, através do lançamento de uma nova licenciatura em Ensino
de Português. Este curso, garante o presidente da instituição, possibilitará
resolver o problema da formação de quadros “pela raiz”, pois visa formar
professores
O Instituto Politécnico de
Macau (IPM) prepara-se para alargar o leque da oferta pedagógica com um novo
curso de Português com vertente de ensino.
“Na construção da plataforma
de Macau entre a China e os países de língua portuguesa, consideramos que a
formação de professores é resolver o problema pela raiz”, afirmou Lei Heong
Iok, presidente do IPM, ao Jornal Tribuna de Macau.
Recordando que a instituição
tem o curso mais antigo no território na área de Tradução e Interpretação, bem
como as licenciaturas de Relações Comerciais China-Países Lusófonos e de Ensino
de Língua Chinesa como Língua Estrangeira, Lei Heong Iok sublinhou que mesmo
assim faltava o elemento “mais fundamental”.
“O mais importante e vital é a
formação de professores de Português, não só para assegurar o futuro do ensino,
mas também para colmatar as lacunas [da plataforma] pela raiz”, declarou o
presidente do IPM.
Para Lei Heong Iok, que vive
no território desde o período anterior à transferência de soberania, a falta de
docentes de Português é uma “lacuna” que vem desde aí. “Sem docentes como é que
se assegura o ensino de Português, não só em termos quantitativos, mas também
qualitativos?”, indagou o responsável.
“Este é o sonho do IPM: formar
docentes de Português. E, agora, o IPM tem uma equipa liderada pelo professor Luciano
Almeida que, em conjunto com o professor Carlos André, preparou uma licenciatura
de Língua Portuguesa para ensino”, avançou.
De acordo com o presidente do
IPM, a proposta da licenciatura está pronta, restando agora submetê-la à
aprovação do Governo da RAEM. Lei Heong Iok sublinha ainda que o curso já
recebeu pareceres favoráveis de Portugal. “Para leccionar Português temos
naturalmente de auscultar as opiniões e orientações de universidades portuguesas,
como a Universidade de Lisboa”, explicou.
Ao Jornal Tribuna de Macau,
Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico de Português do IPM,
garantiu que o projecto está finalizado e tem muito potencial. “Não temos noção
do tipo de crescimento que o Português vai ter na China, mas está a crescer
muito. Só tenho sinal de uma universidade que hesita em manter o Português, porque
não foi suficientemente vantajoso, mas pelo contrário, constantemente
universidades pedem ajuda para desenvolver o curso”, afirmou, acrescentando que
o Ministério da Educação chinês aprovou recentemente outro curso de Português
na Universidade Normal de Hebei.
Sublinhando que anualmente
surgem dois ou três de Português, Carlos André questiona: Quem vai dar aulas
nesses cursos? “Até agora os professores que leccionam nesses cursos não têm
formação de ensino”, disse, referindo que os docentes actuais apenas possuem
formação de língua.
Além das necessidades de
docentes nas instituições que fazem parte do sistema nacional de educação, existem
outras situações em que o ensino de Português “não está rastreado”, mas
apresenta as mesmas necessidades de quadros qualificados. “Soube de ensino de Português
numa escola de línguas privada que prepara trabalhadores chineses para ir para
os países lusófonos e outra antiga aluna que criou um sítio de ensino de
Português. Se há uma escola podem haver muitas mais e todas precisam de
professores que não estão a ser formados por ninguém”, frisou. Liane Ferreira – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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