Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 11 de abril de 2020

Brasil – Activista social cancelou por segurança viagem por África

A pandemia mundial do covid-19, que já causou a morte de milhares de pessoas tendo infectado centenas de milhares em todo o mundo, e que escapou do controle das autoridades sanitárias, obrigou o brasileiro e ativista social José Geraldo de Souza Castro, Zé do Pedal, a paralisar o projeto na África.

O viajante, de 62 anos, membro do Lions Clube de Viçosa, estava fazendo uma caminhada de 12.000 quilômetros, empurrando uma cadeira de rodas, desde a Africa do Sul até o Egito.

Zé do Pedal, que na última terça feira regressou ao Brasil, procedente da Tanzânia, relatou o medo da população e seu retorno por motivo de segurança.

“O coronavírus começou a ser problema na África, com alguns casos isolados, porém em todos os países daquele continente. Apenas entrei na Tanzânia e os membros do Lions Clubes de Dar Es Salaam me ligavam todos os dias para me colocarem a par dos novos casos e do avanço do vírus no continente, até que finalmente chegou a Arusha, cidade localizada aos pés do monte Kilimanjaro, o que aumentou o receio com minha segurança pelos membros dos Lions Clubes do país, que passaram a me dar dicas de precaução”.

Segundo o brasileiro, os meios de comunicação local abordavam o assunto sem muitos detalhes técnicos, sobre os casos principalmente na Europa, e mostrando que o vírus chegou àquele país com um viajante oriundo de um país europeu.

“Foi assim, com esta informação genérica, que comecei a ser hostilizado nos lugares por onde passava. A população pensava que apenas os brancos transmitiam o vírus. O pior momento foi ao chegar no pequeno povoado de Melela, distante 260km de Dar Es Salaam. Ao perguntar a um motociclista onde ficava a igreja católica, ele me deu a informação e saiu em disparada na minha frente” relatou Zé.

“Caminhei uns 150 metros e comecei a ver o resultado da sua pressa, ele gritava para as pessoas que o ‘Muzungu’ (homem branco) trazia o Corona vírus para o vilarejo: As pessoas paradas nas esquinas, nas portas e janelas com panos cobrindo o nariz para me verem passar. O caminho para a igreja era um labirinto e a cada pessoa que perguntava onde era a mesma (sempre a uns 8 – 10 metros de distância) apenas apontavam com o dedo na direção”.

Segundo ele, ao chegar à igreja as pessoas corriam para dentro. “Peguei o caminho de volta e as pessoas começaram a me jogar pedras. Foi quando resolvi usar a poderosa arma que tinha: a do corona. Dei um galope em direção aos que atiravam pedras e pronto…todos correram para suas casas. Voltei pelo mesmo caminho até chegar a um hotel, sempre observado atentamente pelos moradores. Toquei a campainha diversas vezes e ninguém atendia. Enquanto aguardava no portão apareceu um senhor que falava inglês e me explicou a situação. Em seguida chamou o oficial da Polícia e o gerente da Vila. Foi tensa a negociação, até que disseram que iam chamar um médico. Agradeci sorrindo e disse que estava bem, que aceitava a ideia pois assim deixava a população tranquila”.

Após conversa com o policial, que verificou seu passaporte e data de entrada no país, e depois com o médico, os curiosos foram avisados que o “Muzungu não tinha corona”. Sem poder sair desacompanhado, o brasileiro seguiu recomendações do Governador do Distrito, e interrompeu o projeto, por razões de segurança, retornando ao Brasil.

Zé do Pedal estava caminhando uma média de 40 quilômetros por dia, para cobrir, em um ano, a distância de 12 mil quilômetros, desde a África do Sul até Alexandria, no Egito (Norte da África), desde o dia 3 de novembro de 2019.

Empurrando uma cadeira de rodas, ele saiu de Jagersrust, uma pequena vila nas montanhas na província de Kwazulu –Natal, na África do Sul, para cruzar 11 países da Africa – África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbabué, Zâmbia, Malawi, Tanzânia, Quênia, Etiópia, Sudão e Egito, exatamente na cidade de Alexandria, dando um total de mais de 17.000.000 de passos durante o percurso, quando anotará as barreiras que a pessoa com deficiência encontra no seu dia a dia. In “Mundo Lusíada” - Brasil

Sem comentários:

Enviar um comentário