A pesquisadora da Área de
Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Lia Valls,
afirmou que, apesar de ter recuado menos, o ICE/AL está pior do que o
indicador mundial, que ficou em 99 pontos,
próximo do limite de 100 pontos, considerado favorável. “O mundo recuou
mais,mas na comparação entre os dois indicadores, o do mundo é melhor do que o
da América Latina”.
A piora é puxada pelo índice
de expectativas (IEX), que caiu de 90 para 82 pontos, “o que não é um bom
sinal”, disse. “Não é um cenário bom em relação à situação de hoje”.
Em todo o mundo, bem como na
América Latina, aparece um problema relevante, que é a falta de confiança na
política do governo. “Também não é um resultado bom, porque evidencia que as
pessoas têm expectativas não positivas, quer dizer, não esperam que o cenário
melhore nos próximos meses”. Na maioria dos países mais avançados, a sondagem
detectou problemas de falta de demanda, que indicam que o crescimento deve ser
lento", acrescentou.
No caso do Brasil, além da
falta de confiança na política do governo, aumentaram os problemas considerados
restritivos e relevantes para o crescimento do país, entre os quais inflação,
desemprego, déficit público. O ICE Brasil atingiu o menor nível da série
iniciada em janeiro de 1989, passando de 48 pontos, em julho deste ano, para 44
pontos em outubro. A pesquisadora chamou a atenção para o índice da situação
atual do Brasil (ISA), que “já está o pior possível”, mantendo-se em 20 pontos,
que é o limite, número também registrado pela Venezuela. “Mais baixo não pode
ser”. Já o índice de expectativas (IEX Brasil) caiu de 76 para 68 pontos no
trimestre findo em outubro.
Esse resultado sinaliza que
o cenário pode piorar ainda mais, destacou a economista do Ibre. Em relação ao
grupo de países denominado Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), Lia disse que, com exceção da Índia, todos os demais estão na
zona desfavorável. Entre os Brics, o Brasil apresenta o pior ICE, superando,
inclusive, a África do Sul (56 pontos). O Brasil ocupa, ainda, a penúltima
posição no 'ranking' de 11 países da
América Latina nos últimos quatro trimestres.
Na Sondagem Econômica da
América Latina Ifo/FGV, Lia destacou a deterioração cada vez maior das
perspectivas, no caso brasileiro. Segundo ela, isso reforça a percepção atual
de piora generalizada no clima econômico na América Latina. “Não tem nenhum
país que esteja na zona favorável”. Alguns estão em melhor situação, como
Paraguai, Bolívia, Chile e Colômbia, que têm índices mais altos. “Mas em todo
mundo, piorou o índice. "Só não piorou na Argentina, que mesmo assim,
continua na zona desfavorável, e no Chile, “que deu uma melhorada”.
Olhando a sondagem para
trás, a economista afirmou que há muito tempo não se tem um quadro tão
desfavorável, de forma generalizada, para os países da região.
De acordo com informação da
assessoria de imprensa do Ibre-FGV, a Sondagem Econômica da América Latina
serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em
informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus
respectivos países. Para o ICE de outubro de 2015, foram consultados 1.040
especialistas econômicos em 113 países, dos quais 129 da América Latina. Alana Gandra – Brasil in “Agência
Brasil”
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