Nesse seminário, um ponto
praticamente unânime foi a crítica à dragagem – por lei, a cargo do Governo
Federal. O maior navio que já passou pelo país foi o CMA CGM Tigris, de 10.622
Teus, que aportou no principal porto, Santos, e alguns outros, mas sempre sem
estar com carga plena. Foram apontados casos extremos, como o do Porto de
Itapoá, onde no terminal a profundidade é de confortáveis 17 metros, mas como
no canal de acesso a profundidade é de apenas 14 metros, o porto, e também o
país, são prejudicados. Nos principais portos, obras de dragagem estão
atrasadas ou deixaram de ser feitas, embora constassem do orçamento federal
como prioritárias. A troca constante de titulares da Secretaria Especial de
Portos (SEP) contribuiu para esse fracasso, após êxito apenas com o primeiro
titular da pasta, Pedro Brito.
Michel Donner, de Drewry
Consultants, e Marcelo Procópio, diretor comercial do terminal de contêineres
Sepetiba Tecon, lembraram, quase que em uníssono, que, como a cada dia há
maiores porta-contêineres encomendados para o tráfego Europa–Ásia, os navios
médios vão, inevitavelmente, ser usados em tráfegos como o da América do Sul.
Com a ampliação do Canal do Panamá, cada vez maiores navios chegarão ao Brasil,
o que demandará mais dragagem, adaptação dos terminais de contêineres e medidas
no acesso de terra, para permitir eficiente distribuição das cargas trazidas
pelas embarcações de maior porte.
Procópio lembrou que isso
vai ter efeitos no Brasil, como investimentos nos terminais e necessidade de
melhor acesso rodoviário. Procópio comentou que, com a operação conjunta dos
armadores, o número de clientes para os terminais se reduz. O Brasil tem um
comércio exterior de cerca de US$ 500 bilhões por ano e, como não dispõe sequer
de um navio porta-contêineres, fica na mão de estrangeiros, sendo que tais
estrangeiros estão operando cada vez mais em conjunto.
Elias Gedeon, da consultora
Notre Dame, admitiu que os armadores estão se fortalecendo, mas disse que o
contrário pode ocorrer. Citou que exportadores de frango brasileiros se unem,
para negociar com armadores fretes mais baixos e que, assim, em vez de serem
pressionados, pressionam os fortes armadores internacionais. Sérgio Motta – Brasil in “Monitor
Digital”
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