A ANIMA vai receber a Medalha de Mérito Altruística de
Macau na segunda metade do mês de Novembro, mas poderá perder o seu líder no
próximo ano. O actual presidente da associação está orgulhoso com o
reconhecimento do Governo depois de vários anos de luta pela defesa dos
animais, mas considera que é “altura de um jovem local tomar conta das rédeas
da ANIMA”.
O
presidente da Sociedade Protectora dos Animais de Macau (ANIMA), Albano
Martins, não vai concorrer às próximas eleições da associação que lidera desde
2007 e que este ano será homenageada pelo Governo com a Medalha de Mérito
Altruística pelo contributo activo em prol do bem-estar da sociedade e de
actividade filantrópica.
Em
declarações ao Ponto Final, Albano Martins começa por dizer que a Medalha de
Mérito Altruística, que será atribuída pelo Executivo na segunda metade do mês
de Novembro à ANIMA, é um justo reconhecimento pelo trabalho que tem sido
desenvolvido na defesa dos animais e que simbolicamente “poderá ser uma porta
que se abre às entidades que muitas vezes têm dúvidas relativamente ao nosso
trabalho”.
Questionado
sobre se o reconhecimento poderá estar relacionado com o trabalho que tem sido
realizado nos últimos anos, nomeadamente o fecho do Canídromo, Albano Martins
considera que o impacto da ANIMA na sociedade de Macau já é mais abrangente,
pois é a principal referência das autoridades para questões relacionadas com
animais. “A luta pelo encerramento do Canídromo e a luta pela salvação daqueles
animais, que foi um sucesso, até porque foi feita em tempo recorde, foi de
certo modo o que fez transbordar todo esse processo. Acho que a medalha também
veio reconhecer aquilo que o Governo já tem reconhecido há muito tempo, e que
as próprias polícias e bombeiros reconhecem no dia-a-dia. Repare que, quando há
problemas nas estradas, animais magoados, animais feridos, eles chamam é a
ANIMA, e nós vamos às pontes, vamos a todos os sítios porque é a ANIMA que fica
com os animais. Portanto, é um reconhecimento que na prática já vinha sendo
reconhecido pelas entidades públicas” afirmou Albano Martins ao Ponto Final.
“Esta
medalha provavelmente poderá permitir que a ANIMA tenha uma longevidade maior”,
acrescenta o activista, para depois explicar a importância dos donativos para a
sustentabilidade do projecto. “Espero que este galardão dado pelo Governo possa
permitir que a ANIMA possa ter mais acessos, nomeadamente da Fundação Macau. A
Fundação Macau deu-nos este ano 5 milhões de patacas pela primeira vez na
história, porque regra geral dá 3,5 milhões de patacas. Mas graças ao apoio do
Chefe do Executivo, a ANIMA conseguiu 5 milhões de patacas e nós só queríamos
que a Fundação Macau mantivesse os 5 milhões de patacas, que nós acabávamos por
lutar pelos outros 5 milhões de patacas. O Wynn de Macau costuma dar-nos 1,4
milhões de patacas, o Galaxy entre 400 a 500 mil patacas, o Venetian à volta
dos 300 mil nos melhores anos, às vezes dá menos. Enfim, nós lutamos um pouco
por isso tudo, e a comunidade dá-nos muito apoio, mensalmente, nós temos 400
caixas espalhadas pela cidade inteira, por bancos, algumas delas são roubadas.
Nós conseguimos fazer por mês, em caixas de donativos cerca de 30 mil patacas,
portanto, nós trabalhamos e lutamos para termos alguma maior estabilidade a
nível financeira. Sem estabilidade financeira é impossível qualquer organização
sobreviver”, refere o presidente da ANIMA.
Fim de um ciclo com mais de uma década
Depois
de vários anos a liderar diversas lutas pela defesa dos animais em Macau,
Albano Martins confessa que sente que é altura de regressar a Portugal e de
colocar um ponto final num ciclo com mais de uma década enquanto presidente da
ANIMA, sociedade que ajudou a fundar em 2003. “Eu fundei a ANIMA em 2003 com
mais duas pessoas. Uma das quais já morreu, e a outra abandonou. Fomos três os
fundadores, eu tomei a iniciativa, mas a ideia nem foi minha, nem tão pouco tomei
a iniciativa, nunca quis ser membro da organização, ou seja, nunca quis ser
membro do Conselho de Administração, e nunca o fui até 2007”, começa por
recordar Albano Martins.
“A
partir de 2007, a presidente da ANIMA pediu a demissão, frustrada porque não
tinha a capacidade para encontrar apoios financeiros, e aí eu tomei as rédeas
convencido de que em dois anos conseguia passar a bola a alguém, mas não
consegui. Agora, enfim, já tenho 70 anos, para o ano, em Fevereiro, já terei 71
anos, e acho que é altura de um jovem local, se possível, tomar conta das
rédeas da ANIMA. Este galardão provavelmente vem-nos assegurar alguns fundos,
as pessoas têm que lutar constantemente por fundos. O que nós fizemos
facilmente pode ser reutilizado por quem novo ainda apareça, mas é preciso é
que tenha bons contactos na Administração”, frisa Albano Martins, antes de
anunciar que não irá concorrer às eleições de Março da ANIMA.
“Acredito
que a partir de Março será outro o presidente da ANIMA. Acredito que sim. Isto
tem sido sempre uma luta constante, não tenho conseguido encontrar
alternativas, mas eu tenciono regressar a Portugal. Ao fim de 38 anos em Macau,
tenciono regressar finalmente a Portugal, até porque tenho lá os meus animais,
tenho lá a minha mulher, está afastada de mim desde 2007, portanto há 11 anos
que ando à procura de alguém que me substitua, acho que agora é bom que as
pessoas metam na cabeça que tem mesmo de ser”, revelou Albano Martins,
acrescentando que a ANIMA está à procura de um gestor local para assegurar os
serviços de gestão e de contabilidade.
“Se
eu deixar a ANIMA para enfim viver a minha vida, a associação vai ter de pagar
um salário entre 40 a 50 mil patacas por mês a um gestor profissional, portanto
vamos ter de lutar por muito mais. Espero que agora este galardão dado pelo
Governo permita que a ANIMA possa ter mais acessos”, sentenciou Albano Martins.
In “Ponto Final” – Macau
pontofinalmacau@gmail.com
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