Fortes
e estradas militares com 200 anos para travar tropas francesas passam a
monumento nacional
Os fortes e estradas militares
construídos há 200 anos para defender Lisboa das invasões francesas foram
classificados como monumento nacional, informou a Direção-Geral do Património
Cultural (DGPC).
Fonte oficial da DGPC
confirmou que a proposta de classificação foi aprovada na reunião de 21 de
fevereiro do conselho diretivo da DGPC para assegurar a salvaguarda deste
património associado às chamadas ‘Linhas de Torres Vedras’, no distrito de
Lisboa.
A candidatura integrou 128
estruturas militares, como fortes e estradas militares, da primeira e segunda
linhas defensivas, mas só 114 foram classificados, tendo 15 ficado de fora por
se encontrarem degradados ou destruídos.
Além da classificação como
património nacional, vai ser criada uma zona especial de proteção em volta de
cada uma das estruturas.
Há sete anos que Associação
para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Linhas de Torres, que
integra as câmaras de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço,
Torres Vedras e Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, pedia a inclusão do
património no inventário do património nacional.
“As Linhas de Torres são um
sistema defensivo – muito bem-sucedido – de dimensão e impacto histórico invulgar,
nacional e internacionalmente” refere o parecer da Secção do património
Arquitetónico e Arqueológico da DGPC, a que a agência Lusa teve acesso.
Segundo os especialistas,
“sintetizam a capacidade estratégica de Wellington e os saberes militares de
origem inglesa, portuguesa, mas, também, francesa do fim do século XVIII e do
início do século XIX”.
As Linhas de Torres foram
construídas sob a orientação do general inglês Wellington, comandante das
tropas luso-britânicas no período das invasões francesas, para defender Lisboa
das forças napoleónicas entre 1807 e 1814.
Em 2010, ano em que se
comemoraram os 200 anos da construção das linhas defensivas, foram inauguradas
obras de recuperação a que foram sujeitas e Centros de Interpretação, um
investimento estimado em cerca de seis milhões de euros.
Em 2014, a empreitada de
desmatação, recuperação e reabilitação dos fortes venceu o prémio Europa
Nostra, na categoria “Conservação”.
Nesse ano, a Assembleia da
República instituiu o dia 20 de outubro como o Dia Nacional das Linhas de
Torres.
As Linhas de Torres recebem
por ano cerca de 10 mil visitantes.
As invasões francesas foram
incursões militares de tropas francesas sobre o território português levadas a
cabo, nos anos de 1807-1808, 1809 e 1810-1811, sob a direcção, respectivamente,
dos marechais Junot, Soult e Massena.
A razão imediata das invasões
relacionou-se com a recusa portuguesa em aderir ao Bloqueio Continental
decretado por Napoleão em relação à Inglaterra, no ano de 1806. Para agravar a
situação, em Agosto do ano seguinte, França apresentou um ultimato ao governo
português: ou este declarava guerra à Inglaterra até dia 1 de Setembro ou as
fronteiras nacionais seriam cruzadas pelos soldados franceses. Na medida em que
a aliança anglo-lusa não foi quebrada, a ameaça foi cumprida em meados de
Novembro.
O poderio militar gaulês
aconselhou a que não fosse oferecida oposição de maior aos invasores. No
entanto, a família real e a corte acharam por bem embarcar e instalar-se no
Brasil de modo a evitar o seu aprisionamento e a manter a independência
nacional.
Batalha nas Invasões Francesas
A resistência armada à
ocupação ganhou fulgor após a chegada de um contingente militar inglês liderado
por Sir Artur Wellesley (doravante conhecido como Lord Wellington), que infligiu
duas derrotas aos inimigos nas batalhas de Roliça e Vimeiro. A conjugação de
esforços entre portugueses e ingleses permitiu também obrigar Soult e os seus
homens a abandonarem o País, em 1809.
Nesse mesmo ano começaram os
preparativos para suster a nova invasão que se adivinhava. Neste contexto,
foram levantadas à volta de Lisboa três linhas de defesa fortificadas (as
linhas de Torres).
Ainda antes de as atingirem,
em 1810, os franceses perderam a batalha do Buçaco. O exército napoleónico foi
depois obrigado a suster o seu avanço ante as Linhas de Torres, acabando por se
retirar na Primavera de 1811.
Portugal sofreu grandes danos
materiais causados pela luta armada e pelos saques franceses, bem como pela
táctica de terra queimada que ingleses e portugueses recorreram com o objectivo
de evitar maiores proveitos aos invasores.
No plano económico, a
agricultura e, em particular, a criação de gado ressentiram-se a ponto de a
subsistência alimentar não ter sido assegurada nos anos que seguiram a 1811.
Do mesmo modo, diminui a
produção industrial, acarretando a redução de remessas para as colónias.
Por outro lado, a
impossibilidade de continuar a fazer-se a redistribuição dos produtos
brasileiros através do território português obrigou, em 1808, à abertura dos
portos brasileiros à navegação estrangeira. In
“Mundo Português” - Portugal
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