Londres – A secretária-executiva
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) considerou, que o
crescente interesse de países como a Coreia do Sul no estatuto de observador
mostra o potencial económico da organização sem o idioma como prioridade.
Trata-se do segundo país
asiático a procurar aproximar-se de um mercado com 270 milhões de pessoas,
depois do Japão, que já possui o estatuto de observador associado, juntamente
com o Senegal, Namíbia, Turquia, República Checa, Uruguai, Geórgia, Eslováquia,
Maurícia e Hungria.
Segundo Maria do Carmo
Silveira, Itália, Costa do Marfim, Andorra, Argentina e Chile já têm os
processos bastante avançados e espera-se que a aprovação seja abordada na
cimeira do Sal, em Cabo Verde, agendada para 17 e 18 de Julho.
Outros países também já terão
sondado ou manifestado interesse, incluindo França, em serem observadores da
CPLP, o que dá acesso a participar nas Cimeiras de Chefes de Estado e de
Governo, Conselhos de Ministros, ao acesso a documentação e a apresentar
comunicações.
Num seminário no Instituto
Real de Relações Internacionais, em Londres, a dirigente são-tomense, em
funções há 15 meses, argumentou que a CPLP se deve adaptar às “profundas
alterações na conjuntura política e económica interna dos Estados membros e
significativas transformações no modo de funcionamento das economias mundiais”.
Perante os atuais desafios
económicos e sociais, que são confrontados com a redução da ajuda ao
desenvolvimento, os países africanos “querem ver na CPLP novas formas
alternativas de relacionamento” que promovam maior contacto com o sector
privado.
“Para os países africanos
membros, a CPLP não deve continuar focalizada apenas na língua portuguesa como
há 20 anos. O critério exclusivamente linguístico deixa de ser sentido. Outras
organizações já existentes com base nesse critério adaptaram-se e alteraram a
sua composição e os seus objetivos estratégicos”, vincou Silveira.
Sem esquecer o património
linguístico e cultural, acrescentou, “estes países têm todo o interesse que a
organização se adapte à nova realidade, resultante da conjuntura internacional,
onde os pilares sociais económicos e sociais assuma maior importância no
domínio da geopolítica e da geoeconomia”.
Para a secretária-executiva, o
potencial da CPLP está sobretudo na cooperação económica e empresarial, mas
lembrou que a decisão para reformular a organização criada em 1996 depende dos
dirigentes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
“O que temos feito ao nível do
secretariado executivo é lembrar os Estados membros o extraordinário
instrumento de desenvolvimento interno e de projeção internacional que têm em
mãos, sem nunca esquecer que caberá aos Estados decidir o que fazer com ele”,
concluiu Maria do Carmo Silveira. In “Inforpress” – Cabo Verde
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