Ao
assinalar-se ontem, quarta-feira, o Dia Mundial das Florestas e da Árvore, os
ambientalistas elegem a desflorestação como sendo um dos mais graves problemas
ambientais que devasta as florestas e os recursos naturais em Angola
Os ambientalistas interpelados
pelo Novo Jornal Online receiam que, face à intensa actividade de exploração
anárquica dos recursos florestais, as consequências podem ser drásticas em
algumas regiões do país onde florestas deram lugar ao deserto.
Ao Novo Jornal Online, o
ambientalista Armando Massukina disse que a exploração de carvão nas áreas
florestais para fins comerciais está a provocar uma devastação sem precedentes
da flora e do habitat de várias espécies no país.
"Hoje, em todo o país,
assiste-se a grandes áreas a serem devastadas pela exploração de carvão. As
autoridades competentes têm de agir para fazer face à situação", disse o
ambientalista.
Cabral de Jesus Saldanha,
outro ambientalista contactado pelo Novo Jornal Online, afirma que "a
exploração de carvão constitui fonte de rendimento para muitas famílias nas
comunidades, mas é necessário o controlo desta actividade".
"Não há emprego e muita
gente, quer nas zonas rurais, quer nas cidades, recorre ao carvão para
sustentar a família, mas as autoridades têm de tomar medidas para disciplinar
essa exploração", acrescentou.
O ambientalista Orlando Sabalo
receia que, com o intenso desmatamento, exploração de carvão e queimadas,
algumas regiões do país estejam a tornar-se desertos.
"Estamos a correr o risco
de "ganharmos desertos" em alguns em algumas áreas que eram
florestas. Algo tem que ser feito", avisou.
Segundo ele, "o
desflorestamento gera consequências em termos globais, pois além de ser um dos
responsáveis pela intensificação do efeito estufa no planeta, também destrói o
habitat natural de várias espécies de animais, provocando, consequentemente, a
extinção da fauna e da flora da região, indevidamente explorada".
Segundo dados recentes do
Ministério da Agricultura e Florestas, a que o Novo Jornal Online teve acesso,
dos 300 mil metros cúbicos de madeira previstos, pelo menos 200 mil foram
explorados na campanha florestal/2017, correspondendo a 300 licenças concedidas
às empresas de exploração no país, superando a época anterior, período em que
foram registadas 150 empresas.
Para a campanha
florestal/2018, o sector prevê reduzir drasticamente o número de empresas
exploradoras e exportadoras de madeira no país, tendo em conta a entrada em
vigor das novas regras que estão a ser implementadas.
Angola possui actualmente uma
área global de mais 60 milhões de hectares de cobertura florestal, contra os 53
milhões que possuía anteriormente, representando uma vasta cadeia de exploração
da flora e fauna.
Em Luanda, o Dia Mundial das
Florestas e da Árvore será marcado pela realização de uma palestra sobre
"o papel da mulher na gestão dos recursos florestais e no desenvolvimento
sustentável em Angola", seguida da plantação de 500 árvores, a ter lugar
hoje, quinta-feira (22), no polígono florestal do Benfica, em Luanda.
Neste dia será apresentado um
relatório do Ministério da Agricultura e Florestas que vai também verificar o
licenciamento das empresas exploradoras de madeira, bem como fazer o balanço do
grau de cumprimento do Decreto Presidencial n.º 274/17, de 10 de Novembro, que
prorrogou a campanha florestal/2017 até 31 de Janeiro de 2018, em vez de
Novembro ou Dezembro, época que habitualmente termina o ano florestal que
começa no mês de Maio de cada ano.
As províncias do Uíge,
Cabinda, Moxico e Cuando Cubango são apontadas como as que mais exploram as
florestas e produzem a madeira. David
Filipe – Angola in “Novo Jornal”
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