Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 22 de março de 2018

Angola - Exploração anárquica das florestas

Ao assinalar-se ontem, quarta-feira, o Dia Mundial das Florestas e da Árvore, os ambientalistas elegem a desflorestação como sendo um dos mais graves problemas ambientais que devasta as florestas e os recursos naturais em Angola



Os ambientalistas interpelados pelo Novo Jornal Online receiam que, face à intensa actividade de exploração anárquica dos recursos florestais, as consequências podem ser drásticas em algumas regiões do país onde florestas deram lugar ao deserto.

Ao Novo Jornal Online, o ambientalista Armando Massukina disse que a exploração de carvão nas áreas florestais para fins comerciais está a provocar uma devastação sem precedentes da flora e do habitat de várias espécies no país.

"Hoje, em todo o país, assiste-se a grandes áreas a serem devastadas pela exploração de carvão. As autoridades competentes têm de agir para fazer face à situação", disse o ambientalista.

Cabral de Jesus Saldanha, outro ambientalista contactado pelo Novo Jornal Online, afirma que "a exploração de carvão constitui fonte de rendimento para muitas famílias nas comunidades, mas é necessário o controlo desta actividade".

"Não há emprego e muita gente, quer nas zonas rurais, quer nas cidades, recorre ao carvão para sustentar a família, mas as autoridades têm de tomar medidas para disciplinar essa exploração", acrescentou.

O ambientalista Orlando Sabalo receia que, com o intenso desmatamento, exploração de carvão e queimadas, algumas regiões do país estejam a tornar-se desertos.

"Estamos a correr o risco de "ganharmos desertos" em alguns em algumas áreas que eram florestas. Algo tem que ser feito", avisou.

Segundo ele, "o desflorestamento gera consequências em termos globais, pois além de ser um dos responsáveis pela intensificação do efeito estufa no planeta, também destrói o habitat natural de várias espécies de animais, provocando, consequentemente, a extinção da fauna e da flora da região, indevidamente explorada".

Segundo dados recentes do Ministério da Agricultura e Florestas, a que o Novo Jornal Online teve acesso, dos 300 mil metros cúbicos de madeira previstos, pelo menos 200 mil foram explorados na campanha florestal/2017, correspondendo a 300 licenças concedidas às empresas de exploração no país, superando a época anterior, período em que foram registadas 150 empresas.

Para a campanha florestal/2018, o sector prevê reduzir drasticamente o número de empresas exploradoras e exportadoras de madeira no país, tendo em conta a entrada em vigor das novas regras que estão a ser implementadas.

Angola possui actualmente uma área global de mais 60 milhões de hectares de cobertura florestal, contra os 53 milhões que possuía anteriormente, representando uma vasta cadeia de exploração da flora e fauna.

Em Luanda, o Dia Mundial das Florestas e da Árvore será marcado pela realização de uma palestra sobre "o papel da mulher na gestão dos recursos florestais e no desenvolvimento sustentável em Angola", seguida da plantação de 500 árvores, a ter lugar hoje, quinta-feira (22), no polígono florestal do Benfica, em Luanda.

Neste dia será apresentado um relatório do Ministério da Agricultura e Florestas que vai também verificar o licenciamento das empresas exploradoras de madeira, bem como fazer o balanço do grau de cumprimento do Decreto Presidencial n.º 274/17, de 10 de Novembro, que prorrogou a campanha florestal/2017 até 31 de Janeiro de 2018, em vez de Novembro ou Dezembro, época que habitualmente termina o ano florestal que começa no mês de Maio de cada ano.

As províncias do Uíge, Cabinda, Moxico e Cuando Cubango são apontadas como as que mais exploram as florestas e produzem a madeira. David Filipe – Angola in “Novo Jornal”

Sem comentários:

Enviar um comentário