SÃO
PAULO – Em 2015, o valor total das exportações agrícolas no mundo alcançou um
número sem precedentes, 81,3 bilhões de euros. Como mostram dados da Statistics
Netherlands (CBS), depois dos Estados Unidos, a Holanda foi o segundo maior
exportador de produtos agrícolas, seguido por Alemanha, Brasil e França. Esses dados só reforçam as boas perspectivas
que se avizinham para o setor.
Mesmo
com um cenário internacional adverso e um conturbado cenário político interno,
o levantamento das exportações agrícolas brasileiras de 2015 indica recorde na
quantidade embarcada de diversos produtos, como soja em grão, milho, frango in
natura, café e celulose. A participação do agronegócio na balança comercial foi
em 2015 a maior desde o início da série histórica, em 1997, respondendo por
46,2% de tudo que o Brasil vendeu ao exterior.
Os
resultados positivos foram obtidos mesmo com desvalorização do câmbio e queda
dos preços das commodities, fatores
que levaram à redução de 6,6% do superávit da balança comercial do agronegócio,
que fechou em US$ 75,15 bilhões. Neste ano, porém, com a conquista de novos
mercados e o aumento da produção, os embarques brasileiros têm crescido e já se
prevê maior superávit.
Se
Mercosul e União Europeia conseguirem assinar em breve o acordo que discutem
desde 1998 e prevê o corte de restrições a commodities
agrícolas, por certo, tanto aqueles três países europeus como o Brasil poderão
se aproximar da liderança dos Estados Unidos ou até mesmo desalojá-los do primeiro lugar no
agronegócio. O que causa preocupação é que maiores concessões europeias na área
agrícola significam maiores reduções nas medidas de proteção à indústria
brasileira. E, como a indústria nacional já se debate com o chamado custo
Brasil que torna os seus produtos pouco competitivos no exterior, a
concorrência externa poderia ser fatal para o setor, o que causaria fechamento
de fábricas e desemprego em números assustadores.
Portanto,
com a venda de produtos básicos em crescimento – é de se assinalar que, em maio
passado, as vendas de minério de ferro cresceram 37% em comparação com maio de
2015 –, desde já, torna-se imprescindível uma estratégia comercial para
estimular a venda de produtos manufaturados não só para os Estados Unidos como
para a Europa, o que deve estar previsto também no acordo Mercosul-UE, sem
abrir mão de novos acordos bilaterais ou mesmo de continuar a apostar nas
negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra. Até
porque uma opção não invalida a outra.
Com
os números das vendas de produtos básicos em crescimento, é fundamental que
sejam criadas condições para que o setor de produtos industrializados venha a
se recuperar a curto prazo e o País não continue na dependência das exportações
de commodities, em especial para a
China. É o que parecem indicar as últimas manifestações dos novos responsáveis
pela política externa brasileira. Portanto, nem tudo está perdido... A
recuperação do País é só uma questão de tempo. De pouco tempo. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br
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