SÃO PAULO – Estudo
recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre a situação das
rodovias brasileiras só mostrou com números o que já se sabia (ou se tinha como
provável) há muito tempo, ou seja, que o custo de logística pode ser encarecido
em até 40% em razão da má qualidade da infraestrutrura rodoviária do País. Segundo
o estudo, ao final de 2015, só cerca 200 mil quilômetros de rodovias, de um
total de 1,8 milhão, estavam pavimentados. Ora, se o modal rodoviário é o mais
utilizado, responsabilizando-se por mais de 60% do transporte de mercadorias, é
de se imaginar o que o País perde por apresentar uma malha rodoviária que, em
muitos Estados, nada fica a dever à dos países mais pobres do mundo.
Se se fizer uma
comparação com os Estados Unidos, a situação se torna, no mínimo, humilhante.
Embora tenha mais de 5 milhões de quilômetros em rodovias pavimentadas, aquele
país utiliza apenas 20% do modal para fazer transportar suas cargas. Se a
comparação for com países menos desenvolvidos, ainda assim a situação
continuará constrangedora. Por exemplo, China e Índia têm cada uma 1,5 milhão
de quilômetros pavimentados em rodovias, ou seja, sete vezes mais que o Brasil.
Cálculos
estimativos apontam que seriam necessários mais de R$ 106 bilhões em
investimentos para melhorar substancialmente a infraestrutura rodoviária do
País, o que não significa ainda dotá-lo de uma malha viária digna de uma nação
de Primeiro Mundo. Acontece que o governo não tem se mostrado capaz de colocar
em prática um plano de construção e reconstrução da malha viária. Nem se
apresenta com caixa suficiente para levar adiante esse desafio.
Diante disso, só
a criação de modelos de concessão capazes de atrair maior número de
investidores privados poderá reverter essa situação crítica. Sem contar que é
preciso também estimular o desenvolvimento dos modais ferroviário e hidroviário
para que o transporte de cargas não dependa tanto do caminhão, além de
estimular a expansão da cabotagem, modal fundamental para um país com dimensões
continentais e com 7.367 quilômetros de linha costeira.
Não é preciso
dizer que a atual situação de indefinição do quadro político brasileiro também assusta
os investidores, que há muito reclamam da mudança de regras durante ou depois do
processo licitatório. Portanto, só com projetos bem elaborados e com cláusulas
claras será possível atrair investidores, o que não significa o deslumbramento
de altos lucros com base na espoliação dos futuros usuários das rodovias a
serem construídas ou reformadas. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde
Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da
Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística
(ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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