SÃO PAULO – Estudo da
Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) prevê que, até o final deste
ano de 2014, serão movimentados no Porto de Santos 3,9 milhões de TEUs (unidade
equivalente a um contêiner de 20 pés), o que representará um aumento de 13% nas
operações com caixas metálicas em relação a 2013, quando foram movimentados 3,4
milhões de TEUs. É um crescimento quase cinco vezes superior ao esperado para a
movimentação geral de cargas no complexo santista, que neste ano deverá
embarcar ou desembarcar 117 milhões de toneladas contra 114 milhões em 2013, ou
seja, uma evolução de 2,7%.
Esse aumento tem se dado
principalmente em função da entrada em funcionamento no segundo semestre de
2013 de dois grandes terminais: o da Embraport, que deu início a suas operações
em julho, na margem esquerda, na área continental; e o da Brasil Terminal
Portuário (BTP), que começou a operar em novembro na Alemoa, na margem direita.
Esses terminais forçaram
uma redistribuição nas movimentações dos contêineres, assumindo operações que
antes eram executadas pelos quatro outros que já operavam: Terminal de
Contêineres (Tecon), da Santos Brasil, Libra, Rodrimar e Ecoporto Santos, que
registraram variações negativas.
Seja como for, esse
crescimento vertiginoso indica especialmente a vocação do Porto de Santos para
atuar como elemento estratégico da logística do País, deixando de ser mais um
porto de movimentação de cargas. Ou seja: Santos caminha célere para se tornar
um porto concentrador de cargas (hub port), atraindo mercadorias de
maior valor agregado e menor volume.
Isso significa que as
autoridades federais, levando em conta que hoje a Codesp é administrada a
partir de Brasília, precisam encontrar uma solução para o escoamento dos
granéis produzidos no Centro-Oeste, desviando-o para os portos do Norte. Isso
exigirá a conclusão da pavimentação da BR-163, cuja extensão no Pará ainda é de
terra batida, além do reaparelhamento dos portos fluviais daquele Estado.
Por outro lado, é
preciso decidir de uma vez a saída dos terminais graneleiros da Ponta da Praia,
cumprindo, aliás, o que recomenda o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ),
desde 2006. Como não foi atendida pelo governo em sua pretensão de transferir
os terminais graneleiros para a área continental, a Prefeitura santista criou
uma força-tarefa para vistoriar aquelas instalações e o processo de transporte.
E multar pesadamente as empresas infratoras.
É de lembrar que, além
de poluir o meio-ambiente, esse processo tem provocado a queda de detritos nas
vias urbanas, prejudicando as galerias de águas pluviais. Segundo estudo da
Câmara local, a poluição causada pela carga e descarga de granéis no porto
atinge 90 mil moradores dos bairros vizinhos.
É claro que essa queda
de braço entre o governo federal, representado pela Secretaria de Portos (SEP),
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Codesp, e o município não
será benéfica para ambas as partes. É preciso que haja bom senso para enfrentar
essa questão que, resolvida, ajudará o Porto de Santos a se qualificar melhor,
tornando-se o primeiro hub port brasileiro. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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