Para a maioria dos cidadãos
lusófonos houve uma reacção de estranheza quando se aperceberam que a República
da Geórgia, um país que fica na fronteira da Europa com a Ásia, tinha
solicitado e passado a ser Observador Associado da CPLP.
Quem olha para o mapa a
única semelhança que encontra entre este país e os países lusófonos, é ele ser
também banhado por um mar, neste caso o Mar Negro.
Na realidade os argumentos
apresentados pela Geórgia para a sua aproximação ao mundo lusófono têm
sustentação e demonstram um conhecimento histórico tanto do ocidente como do
oriente.
Como Portugal é conhecido
como “os lusitanos” porque anteriormente o território português foi ocupado por
este povo que pertencia à Lusitânia, os antepassados dos georgianos foram os
“iberos” povo do Reino da Ibéria que ocupou também a mesma região da actual
Geórgia.
Sustenta a República da
Geórgia e o seu povo, com alguma razão, que os seus antepassados navegaram para
ocidente, pelas águas calmas dos mares Negro e Mediterrâneo e aportaram à
região oriental da actual península ibérica, nome originário precisamente deste
povo e a partir da foz do rio Ebro, começaram a dispersar-se por toda a
península.
Quando digo com alguma
razão, embora não haja documentação para avaliar a proximidade entre estes dois
povos, principalmente depois da destruição da Biblioteca e Arquivo Real,
consumidos pelo fogo, durante o terramoto de 1755, há factos que são provas
evidentes e realçam que embora distantes fisicamente, os hábitos, os costumes em
alguns casos tão semelhantes, preservados ao longo dos séculos, evidenciam uma
mesma origem e um factor de unidade entre os dois povos.
Rainha Ketevan refém dos persas - painel de Lisboa |
Mais tarde outro
acontecimento leva a República da Geórgia a fundamentar a aproximação entre
portugueses e georgianos, quando Luís de Camões na sua obra poética “Os
Lusíadas” refere-se aos georgianos, um pequeno povo situado entre dois impérios.
Que razões terão levado Camões a enumerar este povo no seu relato?
Martírio da Rainha Ketevan - Convento da Graça - Lisboa |
Nem um século depois da
referência de Camões, outro facto histórico une portugueses e georgianos para
além de terem o mesmo santo padroeiro, S. Jorge. A 23 de Setembro de 1624 dois
missionários agostinhos portugueses, Ambrósio dos Anjos e Pedro dos Santos
assistiram ao martírio da Rainha da Geórgia Ketevan, mandada assassinar pelo Xá
da Pérsia Abbas I. Posteriormente os dois missionários recuperaram o corpo da
rainha e levaram-no para Goa onde uma parte do corpo foi sepultada na igreja de
Santo Agostinho, sendo a outra parte entregue ao filho da rainha Teimuraz I.
A República da Geórgia tem
actualmente uma população aproximada de 4,5 milhões de habitantes, uma área
ligeiramente inferior a Portugal de 69,7 mil quilómetros quadrados e tem como
capital a cidade de Tbilisi. É banhada pelo mar Negro e faz fronteira com a
Rússia, Azerbaijão, Arménia e Turquia. Baía
da Lusofonia
Sem comentários:
Enviar um comentário