SÃO PAULO – Apesar da
expectativa do governo federal de que até o final do ano as licitações para o
arrendamento de áreas portuárias em Santos e no Pará serão lançadas, a verdade
é que a demora provocada pela intervenção do Tribunal de Contas da União (TCU)
causou um efeito contrário ao que se esperava da nova Lei dos Portos (nº
12.815/13). Ou seja, em vez da ampliação dos investimentos do setor privado na
área de infraestrutura portuária, o que houve foi uma paralisia, o que tem
causado um clima negativo para os negócios que só tende a piorar, enquanto
durar a indefinição do TCU quanto à aprovação dos estudos para as licitações.
Como se sabe, a Secretaria
de Portos (SEP) incorporou algumas das recomendações feitas pela iniciativa
privada, pelo TCU e pela Advocacia Geral da União (AGU), mas a análise continua
e não tem prazo para conclusão. Diante disso, a SEP, para lavar as mãos, já
anunciou que, tão logo o TCU aprove os estudos, no máximo, um mês depois, os
primeiros editais para licitação de áreas serão lançados. Em Santos, das 26
áreas previstas inicialmente, somente nove serão licitadas. Acredita-se que só
em 2015 ocorrerão as primeiras concorrências.
É de notar que essa
demora que já vai para um ano tem contribuído para aumentar a insatisfação
entre aqueles que dependem da agilidade do setor portuário. Uma pesquisa
recente do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), do Rio de Janeiro,
feita com 169 empresas usuárias dos portos de 18 setores da economia, mostrou
que a avaliação é a pior desde 2007: 6,8, depois de ter sido 7,3 em 2012 e 6,9
em 2009.
A pesquisa também mostrou
que os usuários estão insatisfeitos com o desempenho dos terminais públicos,
dando as melhores notas para os terminais privados, o que indica que a
indefinição quanto ao lançamento das licitações para arrendamento de áreas
portuárias só tem contribuído para elevar o grau de descontentamento.
Obviamente, essa visão
pessimista é consequência das dificuldades que os usuários enfrentam. E que não
são poucas, pois vão de acessos terrestres e marítimos deficientes a problemas
burocráticos que provocam atrasos na liberação das mercadorias pela aduana,
além da pouca qualificação da mão de obra disponível. Sem contar as conhecidas
deficiências nas inspeções agropecuárias e sanitárias, especialmente a falta de
fiscais.
De positivo o que ficou
até agora foi a ação da SEP e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(Antaq) para evitar a repetição dos congestionamentos que ocorreram nos acessos
ao Porto de Santos em 2013, ainda que a queda na movimentação da safra de grãos
deste ano também tenha contribuído para esse panorama mais alentador.
Seja como for, o governo
agiu rápido ao dar início ao processo de agendamento da chegada de caminhões,
atividade que deverá ser automatizada com a implantação pela SEP do sistema
PortoLog – Cadeia Logística Portuária Inteligente, que inclui a instalação de
equipamentos e softwares. Com o PortoLog, o que se espera é que haja um eficaz
controle da chegada da carga a partir de janeiro de 2015. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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