Timor-Leste
aposta na cooperação com o sul da China
Danilo Afonso-Henriques |
O novo delegado de
Timor-Leste no Fórum Macau tem como principal meta atrair mais investimento do
sul da China e dos países lusófonos, em linha com a missão do país de reforçar
a cooperação económica durante a sua presidência da CPLP.
Danilo Afonso-Henriques, de
42 anos, assumiu em junho as funções de delegado de Timor-Leste junto do
Secretariado Permanente do Fórum Macau para os próximos três anos, em
substituição de Cornélio Ferreira. Em declarações ao Plataforma Macau, o
responsável apontou que o seu papel irá focar-se em “tentar conseguir mais
investimento da China e também dos países de língua portuguesa”.
“O Fórum Macau organiza
várias visitas à China todos os anos e vamos procurar explorar oportunidades de
investimento, especialmente no sul da China, incluindo Macau”, disse,
salientando a importância da organização especialmente para contactos com as
autoridades provinciais chinesas.
Ao constatar que o Fórum
Macau, destinado à cooperação económica entre a segunda economia mundial e os
países lusófonos, já tem dez anos de existência, Danilo Afonso-Henriques
considera que Timor-Leste pretende “conseguir uma maior atividade ao nível dos
negócios e comércio”, nomeadamente detetando e explorando eventuais
oportunidades. “Também temos empresários timorenses em Macau com muito
interesse e vontade de desenvolver o país”, acrescentou.
Macau e Timor-Leste,
sublinhou, “têm uma grande relação de amizade e conhecimento mútuo, porque
estão mais próximos do que em relação aos outros territórios de língua
portuguesa, por isso há grandes oportunidades para a cooperação económica”.
Neste contexto, o novo delegado de Timor-Leste no Fórum Macau garante que “vai
trabalhar para que se realizem ações concretas”.
O objetivo indicou, “é
ajudar à diversificação da economia timorense, que está muito dependente dos
recursos naturais, nomeadamente do petróleo e gás”. “Estamos a tentar
desenvolver a economia e criar mais emprego e, por isso, queremos também
aumentar e diversificar as exportações” além do café.
O plano de desenvolvimento
económico de Timor-Leste até 2030 prevê, segundo Danilo Afonso-Henriques,
apostas prioritárias em áreas como a “agricultura, educação, saúde,
infraestruturas básicas e recursos humanos”.
Macau poderá ter em
Timor-Leste “boas oportunidades de negócio, dado que importa muita coisa de
outros países” e Timor tem “muito terreno e potencialidades, nomeadamente na
agricultura”, disse.
Danilo Afonso-Henriques
recordou que “já houve conversas sobre a criação de ligações aéreas diretas
entre Timor e Macau” e que este é um assunto que “terá de ser abordado”,
realçando que terá de ser analisada a “potencialidade de captação de visitantes
de Macau para Timor e vice-versa”. “Pretendemos também discutir a possibilidade
de uma ligação mais direta para transporte de produtos comerciais”, no sentido
de se aumentarem as exportações, destacou.
Parcerias para Oecussi
O novo delegado de
Timor-Leste vai tentar centrar as atenções na “assistência ao desenvolvimento”
do projeto da Zona Económica Especial de Economia Social de Mercado de Oecussi,
liderado pelo antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, que esteve em Macau
e na China continental no ano passado para apresentar o mesmo.
“Já houve conversas com
investidores da China, mas nada definitivo ainda, e estão a haver alguns
contactos com investidores privados de outros territórios como Singapura e
Indonésia”, explicou Danilo Afonso-Henriques ao referir que está já em desenvolvimento
em Oecussi um projeto-piloto de plantação de bananas.
O Programa da ONU para o
Desenvolvimento vai apoiar este projeto, sendo a primeira vez que financia uma
zona económica exclusiva. O projeto de Oecussi está estimado em 9,5 milhões de
dólares, dos quais 275 mil virão da ONU.
No âmbito da diversificação
da economia timorense, a China coopera com o Governo de Díli para o
desenvolvimento de uma indústria de mobiliário, nomeadamente de bambu, tendo “a
Secretaria de Estado de Promoção do Setor Privado de Timor apoiado no ano
passado a plantação de cerca de 15 mil hectares de bambu” no país para o
efeito, segundo Danilo Afonso-Henriques.
O mesmo responsável disse ao
Plataforma Macau que Timor ainda não submeteu qualquer projeto ao Fundo chinês
de Cooperação para o Desenvolvimento destinado aos países de língua portuguesa.
Quanto ao objetivo de Timor
de explorar parcerias na lusofonia para a exploração de hidrocarbonetos, que
foi apresentado durante a Cimeira da CPLP em Díli, o novo delegado de Macau
junto do Fórum Macau indicou que já foram iniciadas “conversas com Moçambique e
Angola” e que “haverá visitas aos países de língua portuguesa para se dar
continuidade às conversações”. “Através dos delegados dos outros países que
fazem parte do Fórum Macau, pretendo manter conversas e trocar informações para
vermos como poderemos desenvolver estas ideias”, referiu.
Questionado sobre se já
houve contactos no sentido de se analisar a possibilidade de a Guiné
Equatorial, que passou a integrar a CPLP, poder vir também a ser membro do
Fórum Macau, Danilo Afonso-Henriques disse não ter conhecimento dos mesmos. “O
país ainda agora entrou na CPLP e penso que estará a analisar os próximos
passos a dar. Dependerá do país e terá de abordar o Fórum para discutir essa
possibilidade se estiver interessado, tal como é uma questão que teria de ser
considerada pela China e os países de língua portuguesa membros do Fórum”,
explicou.
O novo delegado timorense
junto do Fórum Macau exercia funções na Secretaria de Estado para o Apoio e
Promoção do Setor Privado de Timor e esteve durante um ano e meio na embaixada
timorense em Pequim com a responsabilidade dos assuntos económicos e
comerciais. Patrícia Neves – Macau in “Plataforma
Macau”
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