Exemplos que vêm de fora
Ao que tudo
indica, em 2014, o Porto de Santos terá 11 terminais arrendados em dez
instalações, que já são exploradas e cujos contratos de arrendamento estão
prestes a vencer ou com prazo vencido, além de uma que será implantada. Se tudo
correr bem, o Porto, com certeza, continuará a bater recordes de movimentação
de carga.
Mas a
pergunta que se impõe é: com os investimentos privados esperados, o complexo
santista estará em condições de se rivalizar com seus congêneres chineses,
norte-americanos e europeus? A resposta só pode ser negativa porque, a curto e
médio prazo, o Porto de Santos não deixará de depender de caminhões para que a
carga chegue e saia dos terminais.
E, mesmo que
o gargalo representado por acessos viários deficientes seja superado com obras
de infraestrutura, não haverá futuro para esse tipo de modal, ao menos em
condições majoritárias. É o que se conclui quando se vê de perto a eficiência
de portos como os de Xangai e Hong Kong, na China, Houston, nos Estados Unidos,
Roterdã, na Holanda, e Antuérpia, na Bélgica.
Dados da
Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e do Banco Mundial mostram que,
enquanto o Porto de Santos, responsável por 26% do comércio exterior
brasileiro, movimenta 8 milhões de contêineres por ano, Hong Kong opera 23,7
milhões e Xangai 29 milhões. Já o custo para embarcar um contêiner em Santos
está ao redor de US$ 2.215, ao passo que em Hong Kong sai por US$ 575 e em
Xangai por US$ 560. Com isso, o preço do produto que entra ou sai do País fica
bem mais alto do que na China. Esse pormenor é fatal em termos de
competitividade.
Diante disso,
a única saída que resta é investir cada vez mais em ferrovias e hidrovias, até
porque em Santos há um grande potencial hidroviário pouco explorado e que pode
atender a todo tipo de mercadoria. É de lembrar que esse sistema hidroviário já
era explorado, nas devidas proporções, ao tempo do Brasil colônia no século
XVIII, quando a carga descia a Serra do Mar em lombo de muares e era levada em
barcaças de Cubatão até o porto do Valongo, em Santos.
Ao mesmo
tempo, não se pode deixar de investir em serviços de dragagem porque quem
acompanha as tendências mundiais sabe que os navios continuarão a crescer em tamanho
e calado, exigindo cada vez mais profundidade dos canais de navegação. É o que
se vê, por exemplo, no Porto de Houston, no Texas, que permite o escoamento com
rapidez e custos baixos por uma infraestrutura logística multimodal. Esse porto
opera 150 mil barcaças por ano, acompanhadas por um sistema de monitoramento em
tempo real que permite a visualização e agendamento das embarcações. Sem contar
que dispõe de uma malha ferroviária que atinge, praticamente, todo o território
dos Estados Unidos e alcança o Canadá e o México. Milton Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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