Está há muito estabelecida na jurisprudência
do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e do Tribunal Constitucional alemão a
doutrina de que as pensões beneficiam da protecção constitucional da
propriedade, pelo que os pensionistas não podem ser delas privados sem
indemnização.
No seu Acórdão 187/2013, o Tribunal
Constitucional português, na sua habitual jurisprudência complacente,
recusou-se a seguir essa doutrina, o que deixou o governo de mãos livres para
atacar os pensionistas do Estado. Pessoas que descontaram para o Estado durante
décadas verão assim cortados 10% das suas pensões, na mais vergonhosa quebra de
contrato alguma vez verificada em Portugal.
Um governo deve governar para o bem do seu
povo. Este governo, porém, preocupa-se mais com o interesse dos credores estrangeiros.
Para que estes recebam até ao último cêntimo o dinheiro que apostaram em
operações especulativas, o governo confisca os bens dos seus cidadãos.
Ontem foram os salários, hoje são as pensões,
amanhã serão provavelmente os depósitos bancários. Tudo para que possam
florescer os swaps, o BPN e as PPP.
Os que serviram o Estado durante décadas são assim sacrificados a benefício de
privados que hoje vivem à conta do Estado. Enquanto os pensionistas vão sofrer,
transformados em cidadãos de segunda classe, os vendedores de swaps prosperam. Só se ouvem os seus
pregões: “Olha o swap fresquinho!
Baunilha, complexo ou tóxico! Ó freguês, fique-me lá com um.” Menezes Leitão – Portugal in “APRe! Associação de Aposentados, Pensionistas e
Reformados”
Luís
Menezes Leitão
- Doutor em Direito (1998) e Agregado em Direito (2005) pela Universidade de
Lisboa. É Professor Catedrático da Universidade de Lisboa e da Universidade
Autónoma de Lisboa. Tem leccionado no curso de licenciatura as disciplinas de
Direito das Obrigações, Direitos Reais, Direito dos Contratos e Direito do
Trabalho: No âmbito do curso de Mestrado regeu igualmente as disciplinas de
Responsabilidade Civil, Garantias das Obrigações, Direito da Insolvência,
Direito da Sociedade da Informação e Direito da Propriedade Industrial. Realizou
investigação em Universidades estrangeiras, designadamente na Alemanha, na
Itália, em França e nos Estados Unidos.
Participou em congressos e seminários e
realizou cursos e conferências nos Estados Unidos da América (Washington D.C.),
Índia (Goa), Brasil (Brasília, Olinda, Recife e Porto Alegre), Angola (Luanda),
Moçambique (Maputo e Beira), Guiné-Bissau (Bissau) São Tomé e Príncipe (São
Tomé) e Timor-Leste (Díli).
É membro de várias associações científicas
nacionais e estrangeiras. Foi Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de
Direito de Lisboa (2002-2004).É advogado e jurisconsulto desde 1988. Foi árbitro
em diversas arbitragens. Foi Vice-Presidente do Conselho Distrital de Lisboa da
Ordem dos Advogados (2005-2007). Foi membro do Conselho Pedagógico do Centro de
Estudos Judiciários. Foi membro do Centro de Estudos Fiscais da Direcção-Geral
dos Impostos.
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