Gulbenkian abre concurso para 20 bolsas de
doutoramento dirigidas aos PALOP e Timor
Desafio África: colocar a ciência e o ensino
pós-graduado ao serviço do desenvolvimento
Passados 20 anos do primeiro programa de
doutoramento estruturado em Portugal (Programa Gulbenkian de Doutoramento em
Biologia e Medicina), o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), inicia um novo e
ambicioso Programa de Pós-Graduação Ciência para o Desenvolvimento (PGCD) que
pretende formar uma nova geração de cientistas em ciências da vida e
professores universitários de excelência nos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) e Timor Leste.
"Existe uma enorme necessidade de
formação de recursos humanos qualificados que permitam, a curto prazo,
contribuir para melhorar a qualidade da educação e investigação científicas e,
a médio e a longo prazo, atenuar o diferencial científico, tecnológico e
económico entre os PALOP e Timor-Leste e o resto da lusofonia. Como antigos
estudantes dos programas de doutoramento do Instituto Gulbenkian de Ciência,
sentimos a responsabilidade de dar o nosso contributo e oferecer a estes
estudantes africanos e timorenses oportunidades semelhantes às que nós tivemos
e com isso ajudar no desenvolvimento dos seus países", diz Joana Gonçalves
Sá, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Ciência para o Desenvolvimento
(PGCD).
Este programa, que conta com o apoio do
Ministério do Ensino Superior Ciência e Inovação (MESCI, Cabo Verde), da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, Brasil) e
da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, Portugal), irá admitir 20
estudantes de doutoramento por ano, nacionais de Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe ou Timor-Leste, ao longo de
quatro edições. Os estudantes serão formados em várias áreas das ciências da
vida, principalmente nas áreas de Biologia Molecular, Biologia de Plantas e
Solos, Biologia de Mares e Biologia das Doenças Tropicais e Saúde Pública. A
estrutura do programa será definida em dois períodos: a primeira fase de aulas,
ao longo de 8 meses, com início em janeiro de 2014, terá lugar em Cabo Verde.
As aulas serão lecionadas por especialistas mundiais nas várias áreas e que
permitirão que os estudantes tenham bases sólidas para iniciarem os seus
percursos científicos. A segunda fase, irá decorrer ao longo de 40 meses, em
que os estudantes irão desenvolver os seus projetos de investigação em centros
de excelência em Portugal ou no Brasil. Pretende-se que no fim deste período,
os estudantes regressem aos seus países de origem e aí prossigam as suas
carreiras científicas.
O PGCD conta ainda com um conjunto de
cientistas e intelectuais de renome internacional, como Sidney Brenner, Craig
Mello, Lídia Brito, Jorge Sampaio, Fernando Henrique Cardoso, entre outros, que
constituem o Conselho Consultivo do programa, cujo Presidente é António
Coutinho, antigo Diretor do IGC e responsável pelos programas de doutoramento
da Gulbenkian entre 1993 e 2000.
Joana Gonçalves Sá acrescenta: "Este é
um projeto ambicioso, mas que será possível graças ao empenho de muita gente e
graças à dedicação extraordinária da comunidade científica e académica de
língua portuguesa. Temos já o compromisso de mais de 200 cientistas, espalhados
por mais de 60 instituições de todo o mundo, de darem aulas no PGCD em regime
de voluntariado. Com o apoio de todos iremos ajudar a formar uma nova geração
de cientistas timorenses e africanos de expressão portuguesa, dando-lhes a
oportunidade de estudar e praticar ciência moderna, melhorando assim a
qualidade da investigação científica e do ensino das ciências nos PALOP e em
Timor-Leste e de usarem a ciência e a tecnologia como ferramentas para o
desenvolvimento." Instituto
Gulbenkian de Ciência - Portugal
Mais informações:
Candidaturas abertas até 30 de Setembro.
O
anúncio do concurso está disponível aqui:
http://pages.igc.gulbenkian.pt/pgcd/files/anuncio.pdf
Website do Programa de Pós-Graduação Ciência
para o Desenvolvimento (PGCD):
http://pages.igc.gulbenkian.pt/pgcd/pt/
Joana
Gonçalves Sá,
Coordenadora do PGCD.
Para além de coordenadora do PGCD, Joana
Gonçalves de Sá é investigadora independente no Instituto Gulbenkian de Ciência
(IGC) desde 2011. Licenciou-se em Engenharia Física Tecnológica pelo Instituto
Superior Técnico, Lisboa, tendo trabalhado em projetos na interface entre a
matemática, a física e a biologia. Em 2003 entrou para o Programa Gulbenkian de
Doutoramento em Biomedicina e desenvolveu a sua tese de doutoramento na
Universidade de Harvard, nos EUA. No Instituto Gulbenkian de Ciência, o seu
grupo de investigação dedica-se a tentar perceber como utilizar o método
científico, incluindo técnicas experimentais e computacionais, para melhorar o
processo decisório, principalmente em política. Gostava muito de descobrir como
se desenvolve uma sociedade mais crítica e participativa.
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