Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Moçambique – Costa Neto num tributo a Zeburani




Eusébio Johane Tamele, também conhecido pelo pseudónimo de Zeburani, nasceu a 17 de Abril de 1930, na localidade de Chanwane, distrito de Chibuto, na província de Gaza.

Cresceu num meio familiar próprio de gente de Gaza, onde as actividades principais dividiam-se entre a igreja, escola, caça aos passarinhos, montagem de armadilhas para animais de pequena espécie e pastorícia. Zeburane pastoreou gado do seu pai

Eusébio Johane Tamele contribuiu desde os primórdios da sua carreira para o engrandecimento da cultura e, em especial, da música moçambicanas. Como activista dos direitos da mulher, Zeburani criou e compôs temas para o seu empoderamento, de forma única, inspiradora e cultivada, nos quais dedilhava a sua guitarra magistralmente.

A forma tão profunda como compôs as suas músicas fez com que estas atingissem um alto valor estético, tornando-se, ainda, intemporais.Este é um dos factos que explica a razão de Zeburani ter inspirado e continuar a inspirar gerações de músicos que encontram nele a principal referência.

Eusébio Tamele era de facto um exímio guitarrista, reconhecido a nível nacional e internacional. Conseguiu através da sua perícia na execução produzir um som de guitarra que os músicos da sua época só o faziam através do bandolim. Para sermos mais precisos, o bandolim é um instrumento de cordoamento duplo; possui quatro pares de cordas, afinadas da mesma forma que o violino: Sol, Ré, Lá, Mi, perfazendo 8 cordas que seguem duplicadas, daí o som sair sempre estridente.

Propôs-se e conseguiu, através da sua técnica, reproduzir com uma guitarra convencional o som do bandolim, marcando desta forma a sua geração. Conseguiu ainda desenvolver uma técnica única de produzir um som, através de uma execução muito rápida com a qual granjeou simpatias e até hoje tem bastantes seguidores (escute-se Txa Txa Txa e sentir-se-á esta verve).

Acresce a esta, a combinação perfeita que fazia entre a voz e os (acordes) fios da guitarra, criando uma harmonia única e jamais ouvida na história da música moçambicana.

Quem acompanhar atentamente as actuais tendências dos guitarristas moçambicanos perceberá sem dificuldades, que, através de gravações feitas por Bernardo Domingos, seguidor confesso de Eusébio Tamele, muitos jovens hoje seguem, conscientes ou não disso, a linha de Zeburani. As canções “Felisminha e Xitxuketa Marrabenta”, de Stewart Sukuma, são por exemplo, a continuação da linha de execução da guitarra de Zeburani.

Eusébio Tamele influenciou e é ídolo de muitos artistas moçambicanos, que por suas próprias palavras se têm referido a isso, nomeadamente, Alberto Mutcheca, Dilon Dgindji, José Mucavel, Wazimbo, Hortêncio Langa, Simião Mazuze (Salimo Muhamed), Arão Litsure, Xadreque Mucavele, Roberto Chitsondzo, Maninho, entre outros. Música MZ TV - Moçambique

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