O escritor Ntony Kunsevi “Fwantondwa”, vencedor da segunda edição do Prémio Literário da Fundação Gianni Gaspar Martins (GGMF), na categoria de poesia, disse, em Luanda, que a consagração “trouxe um ar de esperança na minha vida"
O vencedor que falava, sexta-feira, na União dos Escritores Angolanos (UEA), durante a entrega do galardão e cheque de um milhão de kwanzas, pelo livro de poesia “A sintaxe dos prestígios da língua”, explicou que a conquista do concurso chegou num momento em que enfrentava muitos desafios na vida.
O escritor explicou que foram momentos complicados que o fizeram levantar muitas questões sobre a vida. Fwantondwa considerou, por isso, que a façanha simboliza uma nova etapa da carreira, e coincidentemente, no mesmo dia do anúncio foi realizada a apresentação oficial do livro “A sintaxe dos prestígios da língua".
O jovem, na obra, apresenta como reflexão para os leitores várias abordagens do quotidiano, como exemplo, traz a questão da ingratidão, amor, exaltação da beleza feminina, mistério, entre outros.
Os temas provocam questionamentos, cujas respostas, disse o autor, encontram-se no interior de cada leitor. "As respostas são resultantes da experiência de cada indivíduo", referiu.
Fwantondwa agradeceu à Fundação GGMF pela iniciativa, principalmente, por surgir num momento em que se verifica a diminuição de prémios literários em Angola. Segundo o escritor, o prémio GGMF dá sinais claros que veio para marcar gerações de escritores.
O responsável pela organização do concurso, Edson Nuno, mostrou-se feliz pelo momento que marcou a entrega do prémio ao vencedor do concurso e por mais um aniversário da Fundação Gianni Gaspar Martins (GGMF), que se assinalou no mesmo dia.
Edson Nuno afirmou que a educação é a base do desenvolvimento de qualquer sociedade, e a leitura, um instrumento importante para se educar. Por isso, prosseguiu, a qualidade na produção dos livros é fundamental para a qualidade da educação no país.
Segundo o coordenador, o prémio literário GGMF, surge para ajudar a aumentar a qualidade na produção de obras, concedendo oportunidades a pessoas com uma grande capacidade criativa, mas que ainda se encontram no anonimato, permitindo, desta forma, a descoberta de novos talentos na literatura angolana.
"O prémio visa, de um modo amplo, fomentar o gosto pela leitura e escrita, defender e valorizar a Língua Portuguesa, incentivar a criação literária e divulgar obras com o nível de excelência que se exige", explicou.
O responsável do prémio garantiu, ainda, que a fundação está comprometida com a literatura angolana, por acreditar ser uma arte que ajuda na formação do homem novo, no bem estar das crianças e mulheres.
Fundamentos do júri
De acordo com os fundamentos apresentados pelos três, de cinco júris que votaram na obra, “a preocupação dos sujeitos poéticos de cada texto que a obra dispõe não só estar focada na concretização de cativar o leitor (por meio da linguagem), como, também, o convida a contemplar temáticas da vida quotidiana.
Na obra apresentada pelo escritor e crítico literário Hélder Simbad, continuam os argumentos dos júris “é uma proposta alinhada à poesia ecléctica, na qual a liberdade na construção dos versos demonstra o estilo do autor da obra. Estamos diante de um texto poético que procura reconstruir vivências por meio de palavras, com reflexões sobre a realidade social”.
No texto, sobressai a invocação, a veneração, o ego e a manifestação da sapiência que antecede a presença física. "É um texto que procura enaltecer o sentido da vida por meio de metáforas.
Estamos diante da busca de conhecimento do passado para se vibrar a memória de hoje. A coisificação com uma indeterminação dos objectos, por seu turno, é uma marca que o referido texto procura trazer, numa perspectiva estética, combinando a voz do poeta”, ressalta o relatório final.
O júri desta edição, responsável por eleger a obra vencedora, foi composto por David Calivala (docente universitário e crítico literário da província de Benguela), Josefa Conde (docente universitária e escritora de Luanda), Hamilton Venocanya (professor, crítico literário, do Cunene), Estêvão Ludi (docente universitário, escritor e crítico literário) e Bel Neto (escritora). A primeira edição, na categoria de Prosa, teve como vencedor o escritor David Gaspar, com o romance “542 anos em coma”.
A Fundação Gianni G. Martins (GGMF) é uma organização não-governamental, privada, sem fins lucrativos, constituída a 24 de Janeiro de 2020, cujo objectivo é a implementação e o apoio de projectos sociais que visam o aumento das capacidades intelectuais das crianças, adolescentes e jovens adultos. De igual modo, a Fundação apoia também projectos que promovem a preservação do ambiente. Gil Vieira – Angola in “Jornal de Angola”
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